A atração principal do tradicional almoço da Sexta-feira Santa está mais cara neste ano. Em média, o preço dos peixes aumentou 8% neste ano, conforme levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). As espécies que vêm de outros países, porém, inflacionaram bem mais como reflexo da alta do dólar. O bacalhau importado, por exemplo, cresceu cerca de 30%, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Apesar da alta dos peixes e do cenário econômico retraído, os caxienses não desistiram da ideia de comprar o alimento: filas são registradas nas peixarias da cidade desde o começo da semana. O comportamento do consumidor, contudo, está diferente:
- Pensei que o movimento seria menor neste ano, em função da crise geral, mas me surpreendi, tem vindo muita gente. Só que eles têm comprado quantidades menores, estão olhando mais os preços. Antigamente pediam dois, três quilos, agora pedem um - conta Alex Gauer, gerente da Mar Azul.
Os peixes mais baratos, como o filé de pescado e o de panga (ambos a R$ 18 o quilo), estão entre os mais procurados no empreendimento de Gauer. O bacalhau nacional é outra opção que está saindo bem, já que custa R$ 38, enquanto o importado está R$ 98 (sendo que no ano passado o quilo estava R$ 76).
- O bacalhau, assim como itens como o azeite, foi diretamente influenciado pela desvalorização do real frente ao dólar. Para driblar esse aumento, vale procurar produtos nacionais de marcas menos conhecidas, mas cujos produtos são de boa qualidade -ensina André Braz, pesquisador do Ibre/FGV.
O economista Reni Muraro, 75 anos, e a representante comercial Susete Cassol, 55, são exemplo de quem optou por trocar a opção importada pelo nacional. Na manhã de quarta-feira, além do bacalhau, o casal comprou as espécies camarão, viola e cação. A dupla prepara o almoço da Sexta-feira Santa para a família de 12 pessoas.
- Achamos os preços semelhantes ao do ano passado, alguns até baixaram. O que disparou realmente foram os importados. Apostamos também em receitas gostosas, mas com ingredientes em conta - ensina Muraro.
Suzete relata que sente falta de algumas opções em Caxias, como o pirarucu, que é bastante comum em outras regiões. A menor disponibilidade de espécies no mercado dialoga com o baixo costume do caxiense de comer peixe, lembra Gauer:
- O consumo de peixe até tem crescido, porque ele é muito indicado por médicos e nutricionistas. Mas em geral, o caxiense consome muito pouco se comparado com outras cidades.
Semana Santa
Peixarias de Caxias registram filas, mas compras para a Sexta-feira Santa estão menores
Mesmo com crise, tradição está mantida, só que em quantidades mais baixas que em anos anteriores
Ana Demoliner
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