O movimento de ônibus em Vacaria e de pessoas vindas de outras cidades e estados é um sinal de que começou a colheita da maçã. O município é o maior produtor brasileiro da fruta. Neste período, de janeiro a final de março, a população cresce quase 20%. A estimativa é de que 12 mil safristas sejam empregados nos sete mil hectares de pomares.
Vacaria colabora com 24% da produção nacional. Em média, produz de 250 a 270 mil toneladas. Em 2013, foram 235 mil toneladas por causa da seca. Em 2014, a produção deve voltar para a média, segundo o vice-presidente de promoções da Associação Gaúcha de Produtores de Maçã, José Sozo.
Na empresa Rasip, terceira maior produtora do país, a colheita começou na semana passada. A previsão é de que sejam obtidos até o final da safra 65 mil toneladas (44 mil próprias e 21 mil adquiridas de terceiros). São 10 mil toneladas a mais do que no ano passado. Mesmo assim, a expectativa é que a produção seja de 5% a 8% abaixo do potencial imaginado para 2014.
- As razões são várias. Tivemos problemas de seca no ano passado, afetando a formação da gema. Além disso, algumas áreas estavam com excesso de produção em 2013. E quando a planta produz muito em um ano, depois dá uma pequena flutuação no ano seguinte. É normal. Com a planta livre na natureza acontece de um ano ter uma produtividade muito alta e no ano seguinte produzir muito pouco. Então nossa função é regular, deixar que as flutuações não sejam muito bruscas - explicou o diretor de operações da Rasip, Celso Zancan.
Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã, Pierre Nicolas Peres, a colheita está 10 dias atrasada em relação à safra passada. Além do frio na primavera, que prorrogou a florada da planta, o calor excessivo de janeiro está impedindo que a fruta ganhe a coloração necessária para a comercialização.
- Os volumes prontos para colher são pequenos. Estamos atravessando um período bem quente. A maçã precisa de noites frias no verão para colorir. Se não tiver a fruta colorida, automaticamente você tem menos venda - diz Peres.
Conforme Peres, os produtores estão com as equipes de safristas prontas para o trabalho, à espera do momento ideal de retirar as frutas dos pomares. Caso as temperaturas continuem altas e a coloração adequada (vermelha, dependendo da variedade) não for atingida, a colheita terá que ser retomada de qualquer maneira. A pigmentação não interfere na qualidade na fruta e nem nas propriedades dela. Mas é importante pelo aspecto visual.
_ As pessoas compram a fruta pelo olho e voltam a comprar pela boca _ comenta.
Pomares cheios
Colheita da maçã atrai safristas para Vacaria
São esperados cerca de 12 mil trabalhadores temporários
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: