Se a mudança para o centro de Caxias irá marcar uma nova era para o Mississippi Delta Blues Festival, só o tempo irá dizer. Fato é que, já no início da madrugada deste domingo, o idealizador do evento Toyo Bagoso, anunciou às cerca de 1,5 mil pessoas que acompanharam a última noite do evento as datas para a edição de 2025 do MDBF, A 16ª: será nos dias 20, 21 e 22 de novembro. E, como tema, irá homenagear a cidade de Memphis, no Tennessee.
_ O local a gente ainda não sabe. Quem sabe a gente só anuncie um mês antes _ brincou, ao falar com a reportagem.
Menos preocupados com isso parecia estar o público que curtiu a noite mais blueseira do evento, com shows que contemplaram as principais tradições do blues norte-americano, do Delta do Mississippi a Chicago, passando pelo estilo texano.
Abrindo o Dockery Farm Stage, os cariocas da banda Mokambo apostaram em uma mistura de blues autorais com sucessos nacionais do gênero, como Blues da Piedade, de Cazuza, e Ela Partiu, de Tim Maia. Outro destaque do show foi a participação de Toyo Bagoso na harmônica, aproximando ainda mais Caxias do Sul e Rio de Janeiro como duas cidades onde o blues pulsa no Brasil.
O segundo show da noite foi um reencontro da enérgica cantora norte-americana J.J. Thames com o público do MDBF. E a diva mostrou que a química com os caxienses continua a mesma, entregando uma das performances mais memoráveis desta edição. Unindo talento, carisma e uma rara potência vocal, J.J. fez o público cantar com com o hit Proud Mary e presenteou os fãs mais fervorosos do blues com versões de hinos como Sweet Home Chicago, de Robert Johnson e Boom Boom Boom Boom, de John Lee Hooker.
Na sequência, encerrando o palco principal, o guitarrista Super Chikan, com uma guitarra artesanal no formato do mapa do estado do Mississippi, subiu ao palco imitando os sons de uma galinha, fazendo jus ao nome artístico. Representante da tradição do Delta do Mississippi, Super Chikan também teve um reencontro com Caxias, onde se apresentou na edição de 2015 do festival. Ao longo de mais de uma hora, empolgou o público com riffs certeiros e uma performance descontraída, marcada por hits blueseiros como Crosscut Saw (Albert King) e You Don't Have To Go (Muddy Waters).
Frequentadores que marcaram presença em todas as edições do MDBF desde a primeira, em 2008, Ana Luísa Diesel, 41, e Áquila Roggia, 44, aprovaram a mudança para a área central de Caxias, principalmente por dar ao histórico prédio do Clube Juvenil um uso à altura da sua história. Mas o casal acredita que o festival ficaria ainda melhor se fosse mais espalhado pela cidade:
- A gente adora o festival e a edição deste ano não deve em nada para nenhuma outra. Manteve a qualidade em tudo, principalmente nos shows. Mas o espaço pode ficar pequeno se a intenção for repetir o público de outros anos. Por isso acho que seria legal ter também algum palco na Maesa, quem sabe, ou até na Praça das Feiras, movimentando outros espaços importantes de Caxias _ comenta Ana Luísa.
Além das mais de 50 atrações, ao longo de três noites cerca de 3 mil pessoas puderam desfrutar de novidades como um bar suspenso, erguido a 40 metros de altura por um guindaste, opções gastronômicas mais variada do que em edições anteriores, além de dois palcos gratuitos, na Praça Dante, que fizeram o blues chegar a um público mais amplo, e, quem sabe, plantar a semente para renovar ainda mais o público consumidor do gênero em Caxias do Sul.