O ano era 2012 e a então chamada Casa Paralela (que hoje também atua como associação cultural e ponto de cultura) ainda ensaiava seus primeiros passos como solo fértil para a arte e para a criação autoral em Caxias. Um dos tantos acontecimentos que se tornaram importantes naquele momento seminal do lugar foi a criação da banda Cuscobayo. Isso só foi possível a partir do encontro de artistas que orbitavam por ali, como o vocalista e compositor Rafael Froner, os integrantes da banda Dones Primata e o trompetista Alejandro Montes. Desta forma, a Cuscobayo e a Paralela estariam ligadas para sempre, particularidade que será celebrada neste fim de semana, quando a banda realiza por lá dois shows de lançamento de seu novo disco, Não é bem assim.
– Lançar disco na Paralela é uma questão de honrar o lugar que foi o ventre da Cuscobayo. Agora, a Paralela está fazendo 10 anos e a Cuscobayo também. É uma história simbiótica, que gerou amizade e gerou uma cena – aponta Froner, que integra a banda ao lado de Alejandro Montes (trompete), Marcos Sandoval (voz e cajón), Pedro Ourique (baixo) e Rafael Castilhos (percussão).
Uma década depois, a Cuscobayo retorna à Paralela numa versão diferente – mais madura, realista e talvez até mais cínica –, deixando um pouco de lado a aura essencialmente utópica e solar do início. A sonoridade atual do quinteto ainda mantém suas origens nos ritmos populares da América do Sul, mas propõe uma certa dualidade que conversa diretamente com o período que atravessamos.
– Acho que está fluindo muito entre luz e sombra, entre pesado e suave. Existem nuances de música com muito peso e outras mais leves, músicas com um clima mais agressivo, outras de mais carinho, de afago – explica Froner, sobre o disco que leva a assinatura do premiado Marcelo Fruet na produção.
As letras também estão mais atuais e realistas, conforme o vocalista:
– Dá para dizer, de uma forma alegórica, que a temática lírica desse disco é a de uma pessoa que amadureceu e perdeu um pouco da paciência com o mundo.
Contando com aporte do selo Natura Musical e da Secretaria da Cultura do Estado, Não é bem assim demorou três anos para ficar pronto. A pandemia foi o principal motivo para o atraso e acabou levando os integrantes a gravarem suas participações remotamente. O período também foi preocupante para a Cuscobayo em função da paralisação dos shows, que representavam fonte de renda essencial para os músicos. Desta forma, o disco que chega às plataformas digitais nesta quarta (13) carrega a força revitalizada de uma banda que conseguiu se manter frente ao sufoco e que, apesar de certo pessimismo natural, ainda acredita que “a arte vai salvar o mundo”.
Programe-se
- O que: shows de lançamento do disco “Não é bem assim”, da Cuscobayo.
- Quando: neste sábado, às 21h; e domingo, às 18h.
- Quanto: R$ 20 ou R$ 35 (passaporte) pelo www.sympla.com.br. Há taxas.
- Onde: Paralela (Rua Tronca, 3.483), em Caxias do Sul.