Da mesma forma que Pablo Picasso dedicou parte de sua produção a séries de releituras de obras de outros pintores, João Bez Batti, 81, irá prestar seu tributo ao gênio espanhol, a quem considera o maior artista da história. O escultor, natural de Venâncio Aires e radicado no interior de Bento Gonçalves, irá inaugurar nesta quinta-feira (28), na Galeria Municipal Gerd Bornheim, a exposição Bez Batti dialogando com Picasso, que chega acompanhada de um livro homônimo, em que textos do poeta e ensaísta Armindo Trevisan e do poeta caxiense Jorge Adelar Finatto acompanham fotos do bento-gonçalvense Valdir Ben.
Realizada em parceria com a Galeria Arte Quadros, a mostra traz 27 peças esculpidas em pedra basalto ao longo da carreira de Bez Batti, além de três obras em bronze. Algumas, que já haviam sido adquiridas por clientes e colecionadores, foram emprestadas para compor o acervo, que também poderá ser conferido virtualmente, pela plataforma da Unidade de Artes Visuais (UAV). As “picassianas”, como o autor chama a série, são, em maioria, releituras de três das sete mulheres que Picasso amou e imortalizou com sua arte: Marie-Thérèse Walter, Françoise Gilot e Dora Maar.
– Picasso fez de tudo e esgotou tudo nas suas mãos: foi ceramista, pintor, escultor, gravador. O último grande movimento artístico, o cubismo, nasceu e morreu na mão dele, inspirado pelas esculturas africanas. Ele percorreu toda a história da arte, fazendo diversas releituras, e muitas vezes conseguiu ser melhor que o original. Meu trabalho preferido em sua obra é a Suíte Vollard, conjunto de gravuras que ele fazia com uma linha contínua, sem tirar o lápis do papel do começo ao fim – destaca o escultor.
Bez Batti também irá trazer a Caxias algumas maquetes em argilas de trabalhos que não pôde concluir em pedra, devido a uma cirurgia cardíaca realizada meses atrás, que o impede temporariamente de trabalhar.
– Todo trabalho eu passo do papel para a argila, e só quando este está concluído é que faço então a versão na pedra. Devido à cirurgia tive que passar os últimos meses deitado na cama próximo à lareira, porque foi o inverno mais intenso nestes mais de 50 anos que moro em Bento, e sem poder me alimentar direito, tomando apenas caldos. Foram dias bem difíceis – comenta o escultor, que se recupera bem do procedimento.
Apesar de ainda lidar com a impossibilidade de fazer o que ama, que é objeto de dedicação de uma vida inteira, Bez Batti ainda quer trabalhar muito. Brinca que agora, com uma válvula no coração, está “seminovo”. Mas a vontade de criar ainda é a mesma de um menino:
– Vou trabalhar até morrer. Quando chegar aos 90 anos vou estar melhor do que hoje. Tem coisas que estou aprendendo agora, como a fazer a boca, que é a parte do rosto mais difícil de esculpir.
Programe-se
O quê: inauguração da exposição “Bez Batti dialogando com Picasso”, de João Bez Batti + lançamento de livro homônimo.
Quando: abertura nesta quinta (28), às 19h. Visitação até 23/11, de segunda a sexta das 8h às 18h e aos sábados, das 10h às 16.
Onde: Galeria Municipal Gerd Bornheim, na Casa da Cultura, em Caxias do Sul (Rua Dr. Montaury, 1.333).
Visitação virtual: https://sites.google.com/view/uavdigital
Quanto: entrada gratuita