Siliane Vieira
Uma criança recém-nascida é uma figura quase imaculada, geralmente símbolo de alegria e pureza. A chegada de uma bebê marca o início do drama francês O Mundo de Gloria, estreia da semana na sala Ulysses Geremia, com um intuito que parece sugerir justamente a antítese disso. O bem-estar de uma família reunida em torno daquele pequeno e indefeso ser logo dá espaço a um panorama muito mais pessimista e brutalmente real. A narrativa conduzida pelo experiente diretor Robert Guédiguian (de Marie-Jo e Seus Dois Amores e Uma Casa à Beira-Mar) ocupa-se na missão de radiografar o contexto social que receberá a pequena Gloria, que dá título ao filme. O diretor quer mostrar que tipo de ambiente aguarda uma criança nascida em família pobre na Europa contemporânea.