O instrumentista, cantor e compositor Felipe de Moraes tem uma teoria sobre a execução de sons autorais em shows onde a plateia está mais acostumada a covers. Segundo ele, sempre haverá maior aceitação do público se o vocalista não ficar cantando sozinho. É por isso que toda vez que os caxienses do Samba do Feitiço vão executar uma canção própria, todos os integrantes aprendem a música antes para cantar junto na hora do show. Essa característica ajuda a definir o espírito do grupo que, aliás, prefere ser chamado de coletivo.
– É uma coisa popular, bem do samba. A gente costuma aprender as músicas uns dos outros para engrossar esse coro e fica muito mais fácil, as pessoas que estão de fora já ouvem com outros ouvidos – comenta Moraes, que toca cavaquinho, violão e canta na formação.
Essa defesa da criação autoral é uma das bandeiras do Samba do Feitiço, que lança nesta quinta (7) o primeiro single de um EP virtual inédito, com quatro faixas. A trajetória começou em 2017, reunindo músicos de outras formações, integrantes de escolas de samba e amantes do gênero em geral. Hoje, o coletivo possui 20 integrantes e um repertório de fazer inveja em muita banda antiga: são cerca de 100 músicas autorais.
A criação fértil é resultado de pelo menos dois encontros todos os meses – claro que a pandemia acabou dificultando que isso ocorresse no último ano – nos quais os músicos trocavam ideias sobre samba e mostravam suas composições uns aos outros.
– A gente está fazendo o que nossos mestres faziam, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, a galera se juntava para brincar, para fazer música, para ouvir junto, para falar sobre samba. É o contrário de um viés mercadológico, de fazer uma música para vender de imediato– justifica Moraes.
O Samba do Feitiço buscou o auxílio da lei Aldir Blanc para custear seu primeiro registro. A ideia era gravar um EP com mais faixas e com a participação de mais músicos, mas a verba apertada – que era de R$ 6 mil e ficou em R$ 4,5 mil depois dos descontos – permitiu o formato do EP. De qualquer maneira, assim que for possível, há o plano de realizar um show com a formação completa e a execução de pelo menos 20 faixas.
– Esse é o nosso caminho, compor, aprender, aprimorar arranjos para atingir mais as pessoas – comenta Moraes.
O primeiro single do EP de estreia se chama Eu Vi o Diabo Acender Vela pra Deus e será divulgado nesta quinta, às 19h, por meio do YouTube do coletivo. As demais músicas da obra (veja abaixo) ganharão lançamentos nas próximas quintas, sempre no mesmo horário. A última delas, Ciclo da Vida, chegará junto de um videoclipe produzido por Maurício Concatto e Jenifer Bonho.
Calendário do lançamento das músicas em janeiro
- Dia 7: música Eu Vi o Diabo Acender Vela pra Deus (Rodrigo Morales/Felipe de Moraes)
- Dia 14: Samba da Vida (Fábio Basso/Zeca Duarte)
- Dia 21: O Apressado (Zeca Duarte/Felipe de Moraes/Leno Bueno/Cleverson Souza)
- Dia 28: Ciclo da Vida (Aurélio Augusto/Zeca Duarte)