Os integrantes do Conjunto Descendo a Serra gostam de usar uma palavra para guiar seus interesses pelo universo do choro: fundamento. Isso quer dizer que o quarteto caxiense, formado em 2018, é bastante dedicado à pesquisa do gênero considerado a primeira música urbana tipicamente brasileira, com mais de 150 anos de história. É essa bagagem que eles procuram imprimir no primeiro EP do grupo, com lançamento nas plataformas digitais marcado para esta quinta (14).
– Ter fundamento é conhecer os compositores, o repertório, estamos bem empenhados. O João (Seben, bandolinista do grupo), estudou por bastante tempo na Oficina de Choro de Porto Alegre, teve uma formação importante. Eu fui para São Paulo algumas vezes estudar com o Luizinho 7 Cordas, que é um músico importante. Fomos também duas vezes para o Festival de Choro da Primavera, em Florianópolis, que tem oficinas ministradas por músicos do Rio. A gente está sempre andando por aí procurando conhecer mais – explica Ezequiel Duarte, responsável pelo violão 7 cordas e que compõe o Conjunto Descendo a Serra ao lado do já citado João Seben e de Felipe de Moraes (cavaquinho) e Eduardo Arruda (pandeiro).
Até mesmo a palavra “conjunto” foi escolhida pelos integrantes para batizar o Descendo a Serra em respeito à memória do choro. Uma das referências mais claras nesse sentido é o Conjunto Época de Ouro, fundado por Jacob do Bandolim em 1964.
– É uma maneira de mostrar o fundamento que a gente procura ter. Não nos considero tradicionalistas ou conservadores, mas somos bastante preocupados com o fundamento do gênero mesmo – diz Duarte, repetindo novamente a palavra que dá norte ao grupo.
Esse compromisso todo com a pesquisa do choro também se alinha ao peso histórico que o EP do Conjunto Descendo a Serra possui. É que, de acordo com os integrantes, esse é o primeiro registro fonográfico autoral em choro feito por um grupo da Serra. Uma responsabilidade e tanto.
– Tem alguns grupos que já gravaram um choro ou outro no meio do disco, mas um grupo de choro lançando um disco aqui na Serra, é uma coisa que eu não tive notícia ainda. É uma responsabilidade por ser um gênero que vem lá de 1870 e que tem contribuição da formação de muitos outros gêneros musicais brasileiros. É tão importante, mas que está surgindo agora na Serra. Somos bastante conscientes dessa responsabilidade – aponta o violonista, também conhecido por ter sido um dos idealizadores do Clube do Choro em Caxias, que promoveu shows semanais durante todo o ano de 2019.
O EP foi todo gravado em Porto Alegre, no Estúdio Soma, que tem certa tradição no gênero por ter trabalhado com artistas como o Sexteto Gaúcho. Expoente do gênero no Estado, Guilherme Fejão participou de todas as faixas tocando pandeiro. Outra particularidade do trabalho é que as cinco músicas foram registradas ao vivo, escolha que valoriza características mais orgânicas do som.
– É o tipo de música que tem muito a ver com poder se olhar enquanto toca, com poder sentir o momento – justifica Duarte.
Além do lançamento das músicas nas redes do grupo, o disco físico também poderá ser adquirido. Na próxima terça (19), às 19h, os músicos farão uma live no Facebook para falar um pouco mais sobre o EP. Logo depois, disponibilizarão registro ao vivo da performance do grupo no Ordovás Sunset 2020.
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