São 38 anos de estrada, 12 discos gravados, quatro participações em novelas, um Grammy Latino e incontáveis histórias na bagagem. Almir Sater, um dos mais renomados instrumentistas da música brasileira de raiz, retorna a Caxias do Sul após sete anos para uma apresentação especial de Dia das Mães, neste domingo (12), às 18h, no UCS Teatro.
No repertório, clássicos como Tocando em Frente, Chalana e Moreninha Linda, além de composições recentes dos álbuns Ar (2015) e +Ar (2018), fruto da parceria com o também violeiro Renato Teixeira. Durante a semana, o músico que deu vida ao misterioso peão Trindade, em Pantanal (1990), conversou com a reportagem do Almanaque sobre seu retorno à Serra, a importância da viola caipira para a música nacional e a renovação de público. Confira:
Almanaque: O que os fãs da Serra podem esperar do show?
Almir Sater: Esse é um show diferente, praticamente em cima dos discos Ar e +Ar, que eu gravei em parceria com o Renato Teixeira, e também aquelas canções que eu não posso deixar de tocar. É um show com instrumentação um pouco mais pesada, porque entram bateria e baixo, mas sem fugir muito do meu estilo.
E os ingressos já estão esgotados...
Sempre que eu toquei em Caxias foi muito gostoso. E com casa cheia é melhor ainda! Hoje em dia não é fácil fazer show, os produtores assumem muitos riscos. Por isso fico feliz quando o público comparece. É isso que todo artista quer. Só aumenta a responsabilidade para uma apresentação bonita.
Entre tantos clássicos na carreira, qual canção mexe mais contigo?
Depende muito do momento. Quando a gente faz uma canção nova, geralmente a emoção ainda está mais presente, mexendo com a gente. Não que elas sejam melhores que as antigas, mas estão mais fresquinhas. Então eu não tenho preferência por uma música ou outra, embora esteja gostando bastante de fazer o repertório atual.
Com quase 40 anos de carreira, te surpreende a presença jovem nos teus shows?
Isso acontece muito devido à viola caipira, que é um instrumento popular que sempre tem novas gerações querendo aprender. E a gente aprende ouvindo os violeiros. Foi assim que eu aprendi, ouvindo violeiros famosos e anônimos. Por isso eu vejo muitos jovens nos meus shows. Muitos querem conhecer esse universo da viola.
Falando em viola caipira, qual a importância desse instrumento para a música brasileira?
Eu acho que viola caipira é a bandeira brasileira. Ou pelo menos uma das suas cores. É um instrumento muito entranhado na nossa cultura, com vários sotaques. Tem a viola dos repentes do Nordeste, a viola de Minas, a viola da fronteira, que vem do Mato Grosso, a viola paulista, a goiana... Cada lugar empresta um sotaque à viola, assim como acontece com o idioma.
E dentre os estilos gaúchos, qual tu preferes?
Eu gosto muito do vanerão. É uma coisa popular, com sotaque gaúcho mesclado com brasilidade. Acho um ritmo alegre, bonito, bom de dançar e de ouvir. Gosto muito da pegada das vaneras.