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Opinião 

Marcos Kirst: hidrofobia é coisa que pega 

 Chama-se “raiva” devido ao comportamento agressivo dos indivíduos após infectados

Marcos Kirst

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Em tempos espinhudos, é preciso redobrar os cuidados, não é mesmo, madama? Um cronista mundano que o diga, uma vez que, para ser mal interpretado, basta que leiam somente o título de seus textos para que o bombardeio agressivo venha de cima, de baixo, da esquerda e da direita, tudo na mesma intensidade e raiva. Não é fácil, madama, é preciso pisar em ovos, e ainda cuidar para não ser tachado de opressor de ovinhos pelas patrulhas pró-ovos, e vá a senhora tentar explicar que se tratava apenas de uma metáfora! Nada apazigua a ira e a cegueira de quem parte de bases fundeadas na raiva, madama, nadinha. Mas urge tentarmos ajudar a elucidar as coisas, pois isso faz parte das atribuições do cronista, ainda que mundano. Sendo assim, vamos tratar de ciências.

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Falaremos de uma questão pertinente aos dias de hoje, que evoca um cruzamento das ciências psiquiátricas e biológicas. Falaremos da raiva. Nesses tempos raivosos, é importante compreender as coisas, a fim de obter instrumentos capazes de fornecer proteção contra elas. É preciso, pois, estudar a raiva. Chamada também de “hidrofobia”, a raiva, quando abordada pela psiquiatria, evoca um distúrbio caracterizado pelo temor doentio da água e dos elementos líquidos em geral. O personagem Cascão, criado por Maurício de Sousa, representa bem a parcela da população que sofre desse transtorno. Cascão não foge da água, da chuva e do banho porque é desasseado, mas, sim, porque, talvez, sofra de hidrofobia. Já pensou nisso, madama? Pois é, e a gente aqui, julgando o pobrezinho do Cascão. Somos rápidos no gatilho em julgar quando movidos por preconceito e raiva, né, madama? Aquela outra raiva...

Já biologicamente falando, a hidrofobia, também conhecida como raiva, é uma doença infecciosa que afeta os mamíferos, causada por um vírus que compromete

o sistema nervoso central dos contagiados. Pode ser transmitida pelo ser infectado ao sadio por meio de mordidas (cães), arranhões (gatos), lambidas (morcegos) e xingamentos (seres humanos). Chama-se popularmente de “raiva” devido ao comportamento agressivo que os indivíduos adotam após infectados. Cães antes dóceis passam a morder indiscriminadamente e a ter alucinações. Gatos também. Seres humanos, então, manifestam os sintomas de formas variadas (todas perigosíssimas). E são difíceis de conter. Não dá para negociar com quem tem raiva, madama. Não há argumento. É preciso manter-se longe, longe, longe... E cuidado: é um vírus altamente contagioso. Depois, a senhora não venha dizer que essas crônicas de segunda não servem para nada...

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