A literatura é o pano de fundo mais especial do longa A Livraria, que estreia nesta quinta na Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul. Baseada na obra homônima da escritora Penelope Fitzgerald (lançada em 1978) e dirigido pela espanhola Isabel Coixet, a história narra a paixão de uma mulher pelos livros e como essa relação com o mundo do conhecimento impacta a vida dela e a de uma tranquila cidade da Inglaterra no final dos anos 1950. Vivida pela atriz Emily Mortimer (também de Match Point), Florence Green é uma viúva doce e gentil que sonha em abrir uma livraria num vilarejo portuário habitado por pessoas exageradamente maldosas e conservadoras. É justamente a relação dela com os livros e com outro morador igualmente curioso por literatura que salva o roteiro de A Livraria de cair em um drama novelesco por completo.
“Quando lemos uma história, nós a habitamos”, ensina a narradora do longa logo na abertura. É com essa intensidade que Florence se entrega a cada livro que chega a ela e é essa mesma sensação libertária que ela ingenuamente deseja oferecer aos habitantes da cidade onde foi morar depois da morte do marido na guerra. A nobre intenção a aproxima de um outro morador, um idoso com quem troca interessantes cartas. Há ainda a presença de uma menina espoleta que trabalha na livraria e acaba se tornando uma espécie de pupila literária de Florence. Nesse universo, o filme traça bons parâmetros com obras clássicas como Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, e Um Ciclone na Jamaica (1929), de Richard Hughes.
Essas amizades sustentadas pelo amor pelos livros rendem os momentos mais tocantes do filme que fica em cartaz até o dia 15 na Sala de Cinema Ulysses Geremia. É também a literatura que parece embasar a principal característica da protagonista: a coragem.
Porém, a insistência do roteiro em colocar todos os nobres da cidade contra a mocinha, por vezes, torna a obra bem cansativa. Nesse contexto, a vilã vivida pela talentosa atriz Patricia Clarkson ganha caras e bocas muito forçadas – talvez a ideia fosse remeter ao tom de fábula infantil, já que a atriz está com a maior cara de madrasta malvada no longa. Ela vive Violet, uma ricaça poderosa e dissimulada que une forças para expulsar a livraria da antiga casa escolhida por Florence para morar e trabalhar. As motivações de Violet, no entanto, se mostram um tanto vagas no roteiro, não convencendo o espectador por completo.
Programe-se:
:: O quê: longa dramático A Livraria, de Isabel Coixet.
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia (Rua Luiz Antunes, 312).
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até o dia 15 de julho (sessões de quinta-feira até domingo, sempre às 19h30min).
:: Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes, idosos).
:: Duração: 113 minutos.
Veja o trailer:
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