A comunidade cinematográfica reunida no 45º Festival de Cinema de Gramado reagiu ao veto do presidente Michel Temer à renovação da Lei do Audiovisual, vigente no Brasil desde 1993. Um manifesto foi redigido a muitas mãos na tarde desta sexta-feira. Diversos cineastas e produtores reunidos no hotel Serra Azul participaram da confecção do documento, que enfatiza o bom momento que o cinema nacional está vivendo e a importância do mantimento da lei para que o setor continue produzindo.
Veterano do setor que, inclusive, participou da criação da Lei do Audiovisual, o cineasta Luiz Carlos Barreto foi um dos que se envolveu no manifesto.
– A gente vive de ciclos virtuosos e de ciclos perversos. Então, para que a gente não entre num ciclo perverso nós resolvemos imediatamente tomar uma posição.(...) Estamos enfatizando (no documento) o fato de que a única atividade econômica brasileira neste momento que está funcionando a pleno emprego é o nosso setor, não há nenhuma recessão no nosso setor, devido a legislação vigente. (...) A Lei do Audiovisual tirou da cova o cinema brasileiro que havia sido enterrado no governo Collor, resgatou a produção brasileira, ela ainda não chegou a surtir is efeitos que a gente necessita para se tornar uma atividade auto-sustentável, autônoma e independente – enfatizou Barreto.
Confira na íntegra o conteúdo da carta:
"Neste exato momento, o cinema e o audiovisual brasileiro se mantêm como a única atividade econômica funcionando em regime de pleno emprego e alta produtividade, com mais de 150 longas metragens em 2016 e em previsão de ultrapassar esta marca em 2017. Também o setor encontra-se em franco crescimento na produção de conteúdo independente para televisão.
Estamos no ápice histórico da nossa atividade e cada um real investido alcança retorno cinco vezes maior. Totalizamos 250 mil empregos diretos e indiretos e representamos meio por cento do PIB anual brasileiro, maior do que indústrias como a têxtil, a farmacêutica, a de papel e celulose.
Diante disso, enfatizamos a necessidade de aprovação da prorrogação da Lei do Audiovisual e do RECINE, através de uma nova Medida Provisória do Poder Executivo, atendendo às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A comunidade audiovisual e cinematográfica – realizadores e realizadoras, produtores e produtoras, atores e atrizes, e demais integrantes da cadeia produtiva – estará mobilizada e acompanhando com atenção o desdobramento deste processo. Acreditamos que o encaminhamento será em prol da continuidade, contando com a sensibilidade do Poder Executivo e Legislativo.
Viva o Cinema Brasileiro!"
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