Há tempos um grande filão da literatura, os romances/dramas com temática espírita têm angariado público também em plataformas artísticas como o cinema e o teatro. No caso do espetáculo Minhas Vidas, no entanto, há uma diferença importante com relação a maior parte dos produtos considerados espíritas. A montagem teatral independente, que Márcio Ramos e Suzian Fulcher estreiam em Caxias neste fim de semana, se utiliza de preceitos da doutrina religiosa como inspiração criativa para criar algo novo, ao invés de apenas adaptar no palco histórias migradas da literatura.
Leia mais:
Humberto Gessinger traz a Farroupilha show especial de 30 anos da Revolta dos Dândis
Prove doce de leite vegano com coco
Sociedade por João Pulita
– É uma ficção. O conceito de reencarnação é o fio condutor, mas não se trata necessariamente de uma peça espírita, estamos tendo esse cuidado de deixar isso claro – comenta Márcio, que assina dramaturgia e encenação ao lado de Suzian.
Minhas Vidas acompanha diferentes conflitos domésticos, ora vividos por um casal “do passado”, ora vividos por uma mãe e seu filho no momento atual. Em cena, Márcio e Suzian alternam-se entre dois personagens distintos, sugerindo que um é a reencarnação do outro.
– Uma história se atravessa na outra, no resgate das pendências que ficaram. É bem cru, são dois atores e o texto – aponta Márcio.
A peça existe como projeto há pelo menos quatro anos, desses que nascem com alguém dizendo “a gente bem que podia criar algo junto”. Amigos de longa data, Márcio e Suzian começaram a transformar a intenção em realidade em 2015, num processo que envolveu muita pesquisa e troca de ideias. Suzian, que é espírita, passou a explicar conceitos da doutrina para Márcio, e assim o roteiro começou a ganhar forma:
– Sempre gostei de trabalhar com assuntos pertinentes da atualidade. A peça acabou envolvendo temas como violência doméstica e questão de gênero e sexualidade, que pesquiso desde 2012. A ideia é apresentar uma realidade, para que as pessoas não se sintam isoladas nos seus conflitos diários – revela o ator.
Nesse caminho de ruídos e sofrimentos, a redenção é o destino trilhado pelos personagens. A reconciliação e o perdão entram na história como possibilidade de uma doutrina religiosa que prevê a igualdade, a aceitação e o amor ao próximo.
– O que mais me marcou nessa aproximação do espiritismo foi que não existe uma regra geral, cada individualidade é uma individualidade, por isso foi possível criar esse diálogo – diz Márcio.
:: Equipe: Minhas Vidas tem orientação cênica de Candice Valduga Guimarães, concepção de cenário e figurino de João Luis Gomes, iluminação de Gabrielle Mendes, sonoplastia de Jhonas Moraes e assessoria espírita de Flávio Custódio.
Programe-se
:: O quê: peça teatral Minhas Vidas.
:: Quando: neste sábado e domingo, ambas apresentações às 20h.
:: Onde: Teatro Municipal Pedro Parenti, da Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333).
:: Quanto: antecipados a R$ 15, na Casa da Cultura. Na hora, R$ 20 e R$ 10 (estudantes e idosos).
:: Classificação: 14 anos