Dizer o indizível. Esvaziar significados existentes para depois preenchê-los somente através da experiência visual. Conhecer o desconhecido. Esses são os desafios que permeiam a exposição Não-dito, organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que integra a 15ª Semana dos Museus. O tema da semana deste ano é Museu e histórias controversas: dizer o indizível dos museus. A organizadora da mostra, Mona Carvalho, juntamente com equipe, conta como foi o processo de montagem e escolha das obras.
– Brincamos muito com a questão da palavra. O que era esse "não dito"? As possibilidades eram gigantes. Trabalhamos com o conjunto do Amarp, todas as obras vêm de lá. Buscamos em todas elas aquilo que não estava dito, não estava claro, mas que poderia vir à tona através do olhar. Por isso, colamos faixas azuis escritas "Não dito" em cima das informações da obra – título, autor, data – para que as pessoas busquem o significado da imagem através dela mesma, e não de informações pré-estabelecidas – explica.
A seleção também foi feita pensando nesse conceito. Mona conta que procurou selecionar obras mais claras e objetivas, mas também imagens mais complexas, carentes de uma contemplação mais demorada, de uma criticidade maior.
– Procuramos fazer isso por esperarmos visitantes de todas as idades, inclusive crianças. Para elas é mais complicado fazer a interpretação de algumas imagens. Então deixamos a exposição acessível para todos. O contexto histórico também foi bem explorado, as pinturas selecionadas vão desde a década de 1960 até os anos 2000 – diz.
E se tratando das crianças, a expectativa é boa. A mostra terá visitações mediadas durante toda a próxima semana, com atividades que integram as pessoas à exposição.
Para as crianças, a organização preparou uma atividade diferente, como conta uma das integrantes da equipe Ana Bertoldi.
– A gente pensou em separar os alunos em grupos e pedir para que cada um deles escolha um objeto pessoal, um rabicó, um celular, qualquer coisa, coloque em cima de uma cartolina, e desenhe seu contorno, como se fosse um mapa. Depois disso, eles escrevem só o verbo que descreve a função daquela coisa: escrever, olhar, conectar. A ideia é conhecer o desconhecido. As crianças conhecem o celular, mas a partir do momento em que eles veem somente o contorno da mancha, eles esvaziaram o conhecimento visual que têm do celular, e deram um novo significado para aquilo. A mesma coisa deve acontecer com as pinturas – explica.
AGENDE-SE
Para a participação das visitas mediadas, escolas, acadêmicos e público em geral devem pedir agendamento no período até 12 de maio, pelo email uniartes@caxias.rs.gov.br. As visitas mediadas serão realizadas de 15 a 19 de maio.
PROGRAME-SE
O que: exposição Não Dito, com obras do Amarp
Onde: Sala de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho (Rua Luiz Antunes, 312 – bairro Panazzolo)
Quando: visitação até 4 de junho de 2017, de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h, e finais de semana e feriados, das 16h às 22h
Quanto: entrada franca