O retorno de Fernando Berti Rodrigues à regência da Orquestra Municipal de Sopros ajuda a explicar a origem do concerto que homenageia os 120 anos de Pixinguinha neste domingo, às 20h, no Teatro Pedro Parenti, em Caxias do Sul. O maestro tinha 16 anos e integrava a banda do Instituto Cristóvão de Mendoza em 1980, quando um projeto que levava a música instrumental a cidades do interior do Brasil teve algumas edições em Caxias. Era o Projeto Pixinguinha, que numa edição teve o trompetista Márcio Montarroyos, que se tornaria o grande mestre de Fernando Berti. Na década de 1970, a carreira de Montarroyos havia sido impulsionada pela trilha sonora da novela Carinhoso, que tinha na abertura o célebre tema de Pixinguinha.
Berti faz esse link para exemplificar a influência de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, em sua formação e também na música brasileira, a ponto do aniversário, comemorado em 23 de abril, ser o Dia Nacional do Choro. O concerto, concebido em 20 dias, propõe ir além de clássicos como Lamentos, Rosa e Ingênuo, contemplando diversos períodos e diferentes facetas da obra do mestre, como período em que atuou na direção do programa O Pessoal da Velha Guarda, da Rádio Tupi, e choros em parceria com o flautista Benedito Lacerda.
– Apesar do pouco tempo, conseguimos montar um repertório muito interessante e representativo, em que não iremos apresentar apenas as grandes obras, mas sim mostrar a diversidade do trabalho do Pixinguinha. Conseguimos arranjos originais do próprio artista, que farão do espetáculo um resgate da autenticidade de como se tocava na época, seja em orquestra, como na era do rádio, ou em formações menores, como os nonetos que celebram a parceria dele com o Benedito Lacerda – salienta.
Ao retornar ao cargo que ocupou entre 1997 e 2008, Fernando Berti considera ter como principal desafio devolver à Orquestra a vocação artística que, segundo o maestro, teria ficado em segundo plano. Ele não quer ser apenas um cumpridor de compromissos. O porém, claro, é o orçamento enxugado pela crise econômica. Contudo, avalia, o concerto Pixinguinha 120 anos é prova de que é possível ser criativo sem despender grandes gastos.
– A orquestra é pública e tem entre suas atividades compromissos como tocar em eventos de bairros, concertos didáticos e datas comemorativas, que são coisas importantes e que faremos com o maior empenho. Mas é preciso que haja uma vida artística própria, com produção criativa e proponente. A orquestra já acompanhou grandes instrumentistas e maestros estrangeiros, músicos como Ivan Lins e Leila Pinheiro, mas me parece que isso foi se perdendo com o tempo – avalia.
Para a noite em homenagem ao pai do choro, a orquestra terá como convidados o cantor Rafael Gubert, a flautinista Ana Carolina Bueno e o flautista Cleber Silva.
SERVIÇO
O quê: Espetáculo Pixinguinha 120 anos
Quando: Domingo, 20h
Onde: Teatro Pedro Parenti, Casa da Cultura, em Caxias do Sul
Quanto: R$ 5