O grande inimigo do homem talvez seja o próprio homem. O que segrega, julga, trancafia e mata a possibilidade da esperança. Há dez anos, quando lançou o livro e documentário Falcão – Meninos do Tráfico, o rapper carioca MV Bill alertava para a possível morte do futuro de uma geração. Não só no Rio, no Brasil. Para fazer frente a uma realidade que, hoje, acredita ter piorado, ele vem descrevendo esta vida instável em rimas. Bill acredita na educação pela cultura mesmo para os que vacilaram e estão, hoje, cumprindo pena em sistemas carcerários do país. Na sexta-feira, quando passou por Caxias para um show, visitou detentos do Apanhador. Contrariando o senso dos que insistem em segregar, Bill acredita que, ao cantar um verso, dar um alô e um abraço, sinaliza que há vida além das grades e que ela pode, sim, ser reinventada. Este é o seu discurso cidadão, sua fé. Na entrevista que segue, ele desdobra estas ideias em torno da potência de vida que o hip hop sinaliza.
Você sempre une cultura e politização?
Para mim tá tudo interligado. Tem artistas que conseguem ser uma coisa no palco e outra na pista, eu não. A realidade que eu vejo está muito colada nos versos que faço, nas coisas que eu canto. A realidade que eu vi neste presídio de Caxias é mais uma coisa que eu vou incluir na minha arte.
Hip Hop
MV Bill analisa o percurso do rap no Brasil e questiona novas opções
De passagem por Caxias, rapper carioca visitou presídio do Apanhador
Carlinhos Santos
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