Nada como uma semana pródiga em celebrações. Tal como a Papada com a alma em festa se deliciando e lambuzando com o néctar do paraíso. Ademais, numa simples espiadela no calendário é fácil se certificar que, neste mês, o que não nos falta é fartura de datas diferenciadas. Ainda ontem, por sinal, comemoramos uma das mais importantes delas. Vamos convir que não é a qualquer hora e a todo santo dia, por maior santidade, que um país homenageia a sua padroeira. E se há alguma coisa que estamos necessitando, independentes de credos é justamente de proteções superiores. Dessas bênçãos celestiais espargidas sobre a nossa insensata brasilidade. Num Brasil confuso e ladrilhado por corrupções bem que a intercessão de uma nobre e beata senhora vem a calhar. Assim, não teremos o que "Temer"...
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E por falar em divindades lembremos que Jesus disse: "Vinde a mim as criancinhas". Elas que por múltiplos motivos merecem ser exaltadas do amanhecer ao sol se pôr, acarinhadas na sua infância feliz, livres de ranços ou puxões de orelhas. Afinal, quem não gostaria de ter permanecido eternamente um guri ou uma guria? A gente só descobre essa mina de ouro depois que perdemos o rumo do mapa. E de lambuja até os cachorros festejaram o seu dia de honras e graças. A esses esplêndidos companheiros, nós devemos retribuir com um recíproco montão de afagos e carícias. Eles, como a maioria das espécies animais, são anjos das estrelas, muito acima de uma corja de homens e mulheres instilada com o veneno diabólico de seus maus instintos.
Ao contrário, angelicalmente, vem aí o Dia do Professor, para cuja classe eu não poupo louvações e gratidões. Minha ampla, total e irrestrita solidariedade aos mestres injustiçados e humilhados por salários aviltantes e governos insensíveis. E em breve, o Dia do Médico, do qual sou suspeito para falar. Dentro de mim, porém, viceja a imensa felicidade por ser um deles, pelo tanto que lutamos para mitigar sofrimentos, tentando salvar nossos semelhantes. Entretanto, ironia das ironias, sem direito a feriado, valendo – e muito – por seu simbolismo. E, por fim, não custa lembrar que Finados, com seu manto sombrio, está prestes a soar a campainha, e por precaução é útil e conveniente a gente se agarrar a Todos os Santos e, além do mais, trancar portas e janelas...