Boas ideias se multiplicam. E foi isso que aconteceu com a iniciativa do núcleo serrano da ONG Moradia e Cidadania, dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Há pouco mais de dois anos, eles ficaram sabendo que o Banco do Vestuário de Caxias do Sul, com quem tinham realizado algumas ações, precisava de uma biblioteca. A ONG se mobilizou, arrecadou cerca de mil exemplares de revistas para formar uma sala de leitura no local e não parou mais: atualmente já são quatro salas de leitura espalhadas pela cidade e vários parceiros conquistados pelo caminho.
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- A biblioteca nos ajuda bastante, sempre viemos aqui buscar novas ideias - conta Mari Perin, 54 anos, que frequenta um curso de corte e costura no Banco do Vestuário.
Quem foi beneficiado acaba se integrando ao projeto. A coordenadora regional da ONG Moradia e Cidadania, Débora Bolzzoni, conta que, pouco depois da inauguração daquela primeira sala, soube por uma professora da Escola Estadual Apolinário Alves dos Santos que lá havia um espaço disponível, mas faltavam livros. Nova campanha foi realizada entre os funcionários da Caixa, arrecadando 1,2 mil livros. As alunas dos cursos do Banco do Vestuário contribuíram fazendo almofadas para o espaço, e a inauguração teve ainda apresentação do coral da Associação Criança Feliz.
O pessoal do coral, por sua vez, gostou tanto do que viu que voltou à associação com uma ideia: queriam uma sala de leitura também. A ONG foi contatada, e novo projeto começou ali, mais uma vez com a parceria do primeiro beneficiado. A própria Débora e suas colegas ajudaram confeccionando as cortinas para a Sala de Leitura Pequeno Príncipe, e o espaço ganhou um colorido especial nas mãos dos artistas plásticos Giovana Mazzochi e Douglas Trancoso.
- Participar desses projetos nos traz a alegria de poder estar juntos das crianças e de importar-se com o que será deixado como "presente" para elas, num futuro próximo. É nosso papel como artistas mostrar a importância do lúdico, da leitura e principalmente do sonhar com um mundo mais justo para todos. E isso se dá por meio da cultura - diz Douglas, que, com Giovana, pintou na parede externa da sala alguns ícones da história que deu nome à minibiblioteca: o asteróide B612, a rosa e o Pequeno Príncipe levantando voo levado por pássaros (e a porta ganhou imagem da cobra que parece um chapéu por ter engolido um elefante).
Especialista fala sobre como tornar as crianças leitoras
A coordenadora pedagógica da Criança Feliz, Camila Demoliner Henz, vê a sala como um presente:
- O espaço permite que as crianças se encontrem com a leitura, com eles mesmos e com o mundo da fantasia.
A mais recente incursão da turma da Moradia e Cidadania foi na Escola de Educação Infantil Casa da Criança, no bairro Jardelino Ramos, cuja sala de leitura foi inaugurada dia 10. Tudo graças à intervenção do gestor do Banco do Vestuário, Juares Paim da Silva, que sugeriu para a ONG instalar ali outra sala de leitura. Dessa vez, o projeto ganhou ainda o reforço dos lotéricos caxienses, que doaram a comissão sobre as apostas feitas no período em que o Caminhão da Sorte da Caixa esteve na cidade, durante a Festa da Uva.
- Aos poucos, formou-se uma rede - sintetiza Débora.
Ela destaca ainda o papel da Tuti Arquitetura, que é quem cria o projeto das salas de leitura de acordo com a necessidade de cada espaço. Já os móveis são doados por empresas do ramo. O projeto contou também com parcerias dos artistas plásticos Fábio Panone Lopes (na Apolinário) e Gustavo Gomes (na Casa da Criança), e, na Apolinário, incluiu uma oficina de contação de histórias com o escritor Uili Bergamin.
Bom exemplo
ONG já auxiliou na instalação de quatro salas de leitura, em Caxias do Sul
Iniciativa de funcionários da Caixa foi ganhando adesões a cada novo projeto
Maristela Scheuer Deves
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