Algo estranho se passa no sítio retirado onde mora a família de William (Ralph Ineson). Ele é um daqueles puritanos colonizadores da América, na fase anterior à independência. De tão rigoroso, acaba expulso da cidade. Vai instalar-se, com a mulher e os filhos, à beira de uma floresta. O desabrochar da garota, Thomasin (Anya Taylor-Joy), naquele ambiente isolado e de repressão religiosa, desencadeia o motor trágico da narrativa de A Bruxa (90min), filme que estreia em Caxias nesta quinta-feira.
Exibido com sucesso no Sundance Festival de 2015, o filme de Robert Eggers repetiu o êxito ao integrar a programação da Mostra de São Paulo, tornando-se cult entre o público jovem, com estouro nas redes sociais. Trata-se de uma produção do brasileiro Rodrigo Teixeira, que, durante a Mostra, apresentou-o afirmando que Eggers quis criar um pesadelo do passado com ecos no presente. A história se passa no século 17.
Tão grande foi a preocupação com a verossimilhança que os diálogos foram escritos com base em documentos da época. As próprias roupas, os móveis, tudo foi feito de forma tosca, para se assemelhar, no máximo possível, ao que seria um visual autêntico. Pai e mãe têm um bebê. Thomasin cuida da criança. Ela percebe um movimento estranho na floresta, e a forma como Eggers filma os acontecimentos reforça seu estranhamento. Afinal, o que está ocorrendo? O bebê desaparece. Há um bode preto que fala e mete medo.
Eggers faz cinema de gênero, mas não exatamente ao estilo A Bruxa de Blair. O filme mexe com medos ocultos do público. Thomasin é bruxa? O bode é demo? Nada é o que parece ser, e o tratamento sonoro desestabiliza ainda mais o público. Ao fim, a pergunta: o que significa tudo isso? Durante o filme, vai sentir medo. O pesadelo do passado de Eggers funciona. Assustou até um especialista como Stephen King, que virou tiete do diretor.
Cinema
Aguardado terror "A Bruxa" estreia em Caxias nesta quinta
Filme foi premiado em Sundance
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