Geraldine Chaplin surge pela primeira vez no longa Dólares de Areia dentro de uma bela sequência de peripécies embaixo da água. A liberdade e a alegria que sua personagem, Anne, experimenta contrastam com as cenas que apresentam seu alvo de paixão, Noeli (Yanet Mojica), uma garota dominicana que vive de extorquir turistas. Enquanto a veterana atriz (filha de Charles Chaplin) empresta seu rosto cheio de expressividade para simbolizar os traços mais singelos da paixão, do outro lado está a jovem pobre, perdida entre as possibilidades oferecidas pela amorosa mulher e uma vida de pequenos golpes ao lado do namorado malandro. Os caminhos sinuosos pelos quais o amor se apresenta em diferentes ambientes dão o tom do longa dirigido e roteirizado por Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas (mesma dupla de Jean Gentil). O filme estreia nesta quinta na sala Ulysses Geremia e fica em cartaz até o dia 16.
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Anne é uma francesa rica que se refugia no paraíso natural dominicano e acaba apaixonada por uma garota com pelo menos um terço de sua idade. O relacionamento das duas dura três anos e elas planejam uma viagem sem previsão de volta a Paris. Porém, mesmo com as possibilidades que se avizinham, Noeli tem dificuldade em se desprender de seu mundo de origem.
A trama, baseada na obra do escritor francês Jean-Noël Pancrazi, mostra a garota como centro de histórias que crescem em paralelo. Há a vida mais lasciva ao lado do companheiro, e há o afeto e a segurança representados por Anne. O filme usa recursos estéticos interessantes para abrir esse abismo. Num momento vemos a jovem sob as luzes avermelhadas de boates baratas, e em outro emoldurada nas sóbrias paisagens naturais da região de Terrenas. Fica no ar a reflexão sobre qual amor é mais possível que o outro. E qual o mais puro?
O roteiro explora alguns temas importantes como a desigualdade social entre os nativos de cidades turísticas e os que escolhem esses lugares para viver. Mas, muito além disso, abre espaço para Geraldine Chaplin mostrar seus encantos. O texto não é o ponto mais forte do filme, mas os takes que exploram a pele já enrugada da atriz de 71 anos são tão belos que conduzem a uma reflexão, ainda que silenciosa, sobre a velhice. Dólares de Areia é um filme de amor para quem está aberto a ver os caminhos do coração por dois lados, sem tentar julgar qual é o mais torto.
Sessões às 19h30min nas quintas e sextas, e às 20h, nos sábados e domingos.
Cinema
Sala Ulysses Geremia, em Caxias, estreia "Dólares de Areia" nesta quinta
Produção conta com Geraldine Chaplin no elenco
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