A morte assusta, atemoriza, mas também fascina, e desde os primórdios da humanidade o homem se questiona sobre o que vem depois dela. Cada cultura tem suas crenças e mitologias sobre o tema, e são elas a matéria-prima de A Trilha Silenciosa (Quatrilho Editorial, 124 págs., R$ 25), primeiro livro solo do escritor André William Segalla, 30 anos, que será lançado neste sábado, das 17h às 20h, no Zarabatana Café, no Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312), em Caxias do Sul.
Segalla conta que a ideia do livro surgiu a partir de 2011, quando quatro contos seus com essa temática foram premiados - três deles no 45º Concurso Anual Literário de Caxias e outro no 15º Concurso Literário Anual da Academia Caxiense de Letras.
- Vi que o tema chamava a atenção do público, e resolvi ampliá-lo - diz, acrescentando por que a morte atiça a curiosidade: - Não se sabe o que vem depois dela, mas há várias hipóteses. A dificuldade de encontrar uma resposta é o que dá asas à imaginação.
Surgiram assim as quase duas dezenas de textos que compõem o livro, unidos por uma mesma linha condutora mas separados no tempo e no espaço: o próprio título de cada conto já situa o leitor, começando por Egito, Heliópolis, 3.800 a.C. (um dos premiados em 2011) e indo até País de Gales, 10 de janeiro de 2100 (sim, no futuro), passando ainda pelo Império Romano, a Escócia, o deserto do Saara, a China e o sul do Brasil, entre outros.
Embora os personagens dos diversos relatos sejam fictícios, explica Segalla, cada um deles vai sofrer uma experiência de acordo com o contexto histórico-cultural em que está inserido.
- Escrevi com uma mão no computador e outra num livro de história - brinca o autor, que tem formação nas áreas de História, Relações Internacionais e Filosofia.
Há ainda um último texto, no qual a própria morte fala, em primeira pessoa, e justifica seus atos: "(...) Podem me culpar o quanto quiserem por ter tirado de vocês gente como Anne Frank, Martin Luther King, Gandhi ou Madre Teresa. Mas não esqueçam que foi graças a mim, e exclusivamente a mim, que hoje vocês vivem sem Adolf Hitler, Stálin e Tomás de Torquemada. Sou justa, já disse. Justíssima. Sou igual para todos e todas". Mais adiante, a morte-narradora sugere que se aproveite a vida: "Viva como se eu viesse amanhã, mas me espere somente para depois de amanhã."
Aficionado pela arte ("é uma paixão gêmea da literatura"), Segalla intercalou no livro a reprodução de obras clássicas de mestres da pintura, sempre relacionadas ao tema da morte.
- A arte universal também é repleta de questionamentos pelo que vem depois - diz.
O livro foi editado com recursos do Financiarte.
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