“No final da década de 70, início da década de 80, a cidade de Caxias do Sul não era considerada uma região pacata, nem um município muito seguro. Em Caxias havia assassinatos e a cidade tinha a fama de ser um lugar violento, além de relatos sobre os problemas com a segurança. Muitas pessoas se mudavam para Caxias do Sul com a ideia de viver em uma cidade que estava em desenvolvimento, usufruindo assim das boas aventuranças que o progresso traz, porém os perigos e a criminalidade de uma cidade em expansão também vinham junto.”
O cenário acima é descrito por Charles Tonet e Liane Bartele para recontar em que contexto a Serra viu uma aspiração sua atendida: a implantação oficial do 12º Batalhão de Polícia Militar, o 12º BPM, carinhosamente chamado de Doze, em 13 de agosto de 1974.
Capítulos importantes da história da unidade militar — cujas funções primordiais são efetuar o policiamento ostensivo, preservar a vida e a integridade das pessoas, zelar pelo patrimônio e atentar à preservação da ordem pública — estão contados em 236 páginas. Doze: Memórias de Um Batalhão de Caxias do Sul, da Kallós Editora Multimídia, tem tiragem prevista entre 800 e 1 mil exemplares e deve ser lançado em março.
— A intenção de termos um livro que registrasse a história do 12º BPM em Caxias do Sul já é de alguns anos, mas parecia algo inatingível, quase utópico. A ideia amadureceu em 2016 a partir de uma provocação realizada pelo coronel Osmar (Antonio Osmar da Silva), então Comandante Regional da Serra, e tornou-se projeto a partir do momento em que o escritor Charles Tonet aceitou o desafio de tornar aquele sonho uma realidade — conta o tenente-coronel Jorge Emerson Ribas, comandante do 12º BPM, que esteve à frente do projeto.
A obra traz mensagens de autoridades, fotografias e informações históricas de momentos que marcaram a jornada. Entre elas, a instalação de duas companhias em Caxias e uma em Bento, um mês após ser oficializado o 12º BPM, em setembro de 1974. Duzentos e noventa e nove homens formavam o efetivo da unidade que, em sua criação, atendia a 10 municípios. A primeira turma de soldados, com 147 homens, foi graduada em dezembro daquele mesmo ano e desde lá a formação jamais parou. Em 1975, o convento da Santíssima Trindade, no bairro Kayser, passou a ser e é até hoje a casa da Brigada Militar. E ainda há na obra histórias curiosas como a dos brigadianos que recebiam 15 litros de gasolina para patrulhar a bordo de um Opala por 24 horas, ou do Pelotão PAZ (Pelotão de Atuação Zoneada), que não tinha um setor específico de atuação, mas permanecia por um ou dois dias em um bairro que estivesse precisando reforçar a segurança.
Da chegada dos imigrantes italianos no final do século 19 até o recebimento, pela Assembleia Legislativa, de uma homenagem comemorativa aos 45 anos de criação do 12º BPM, em setembro de 2019, trata-se de um resgate valioso, com um texto saboroso, sobre como foi construída a relação entre a sociedade e a força policial.