Dando sequência à série sobre os antigos quiosques da Praça Dante, em parceria com o Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, trazemos hoje a história do “Kiósque Barateiro de Vittorio Chittolina”, localizado na esquina das ruas Sinimbu e Dr. Montaury.
Comerciante de secos & molhados, louças e miudezas, Chittolina recebeu a concessão mediante “Termo de Responsabilidade” assinado com a Intendência Municipal em 14 de junho de 1901 – após o documento ter passado por Eugenio Marcolla, Pedro Naciff e Antônio José Ribeiro Mendes.
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O negociante assumia, no termo em questão, as cláusulas do contrato firmado entre a Intendência Municipal e Antônio José Ribeiro Mendes três anos antes, em 28 de setembro de 1898. Inicialmente, Chittolina associou-se a Icilio De Paoli, mas a sociedade foi desfeita em 1903. Não se sabe exatamente em que ano, Chittolina associou-se posteriormente ao empresário Adelino Sassi, passando a razão social por outras denominações, como Sassi & C., Chittolina & Sassi, e Viúva Chittolina & Sassi.
O quiosque seguiu por quase uma década, até o contrato com Chittolina ser rescindido pela Intendência Municipal por meio do “Acto” nº 08, de 12 de abril de 1909, publicado no jornal “O Brazil” de 17 de abril de 1909. A sociedade Sassi & Chittolina, entretanto, se manteve. Em outubro de 1909, em virtude da demolição do quiosque, a casa comercial passou a funcionar junto ao prédio da Intendência Municipal, onde hoje situa-se a Casa da Cultura.
FOTOS RARAS
Não foram localizados pelo Arquivo Histórico Municipal até o momento fotografias originais do quiosque de Chittolina & Sassi, sendo que o espaço funcionava bem próximo ao estúdio fotográfico de Giovanni Battista Serafini. Na imagem acima, vemos o quiosque (à direita) em uma pintura que retrata a Praça Dante Alighieri em 1904, à época da Vila de Santa Teresa de Caxias.
A partir da esquerda, vemos o prédio em alvenaria onde funcionava o Hotel Bela Vista (família Grossi), o quiosque de Andrea Benetti, um outro quiosque não identificado, a Igreja Matriz de Santa Teresa, o primeiro campanário, o quiosque de Vittorio Chittolina e Adelino Sassi, a residência da família Curtolo (em madeira) e o casarão da família Serafini, em alvenaria – onde funcionava, ao lado, o estúdio fotográfico de Giovanni Battista Serafini.
Abaixo, um reclame publicado no jornal O Cosmopolita, edição de 14 de dezembro de 1902, anunciando fazendas de lã, palas e xales da fábrica Tevere (a Società de Tecidos Tevere, embrião do Lanifício São Pedro, em Galópolis). O estoque do lugar era composto ainda por sal, querosene, cal e “verderame”. Detalhe: venda só “a dinheiro”.
Detalhes
:: O primeiro requerimento para construção do quiosque na esquina das ruas Sinimbu e Dr. Montaury foi apresentado por Eugenio Marcolla em 9 de junho de 1897: “Diz Marcolla Eugenio, que achando-se desocupado o ângulo da praça no lado da Rua Sinimbu de frente ao Correio, vem vos humildemente pedir que vos digneis conceder-lhe a licença de edificar naquele lugar um kiosque conforme a planta junta, obrigando-se as condições que por esta Intendência lhe serão expostas”.
:: Em 28 de setembro de 1898, a Intendência Municipal assinou contrato com Antônio José Ribeiro Mendes para concluir o quiosque que “Eugenio Marcolla requereu licença para edificar no ângulo sudoeste da Praça Dante, defronte à casa de Rodolpho Felice Laner e que depois transferiu o direito a Pedro Naciff e este desistiu do direito que tinha”.
:: O termo de responsabilidade para concessão do uso do “kiosque à Praça Dante” foi assinado em 14 de junho de 1901, entre a Intendência Municipal e Vittorio Chittolina, constando também seu sócio Icilio De Paoli. Consta no termo: “[...] por este foi dito que em virtude do despacho do cidadão Intendente, datado de hoje e exarado na petição do cidadão Antônio José Ribeiro Mendes, em qual desistiu da concessão que obteve para concluir um kiosque no ângulo sudoeste da Praça Dante [...] vinha assinar um termo para cumprir todas as cláusulas contidas no contrato lavrado no dia 28 de setembro de 1898 [...]”.