A chuva e o mau tempo atrasaram cerca de três semanas o desfile de carros alegóricos da Festa da Uva de 1961. Cancelado no primeiro domingo da festa, em 26 em fevereiro de 1961, e no final de semana seguinte, o corso estreou dias depois, mas sob uma enxurrada bem na hora da passagem – o que danificou vários carros e obrigou o coordenador Isaac Menegotto a trabalhar durante uma semana na reconstrução de algumas estruturas.
Composto por 44 veículos, era anunciado, então, como o maior conjunto de todas as festas, desde a retomada do evento, em 1950. Na seção "carros da produção vinícola", um dos destaques foi o da Vinícola Mosele, assim descrito em reportagem do Pioneiro de 4 de março de 1961:
"O 19º carro, da empresa Eduardo Mosele, apresentará um maravilhosos e gigantesco cisne, que puxará uma grande dorna de uva e terá a ornamentá-lo a presença de 10 moças trajadas a caráter regional".
A professora Carmen Duso Ribeiro Mendes era uma delas. E recentemente disponibilizou dois registros daquele desfile. Na imagem acima, o carro em si, durante a passagem pelo Centro. Abaixo, as 10 moças que desfilaram no veículo.
Sentadas, da direita para a esquerda, estão Ana Cristina Rodrigues (que viria a ser princesa da Festa da Uva de 1969), Ana Luiza e Ana Maria Wiltgen (filhas de Bertilo Wiltgen, presidente da festa de 1961). Na fila do meio, da esquerda para a direita, vemos Nádia Três, Carmen Duso, Leda Caberlon e Lígia D’Andréa. No alto, Maria de Lourdes Mosele, Marilis Spiandorello e Dora Resende.
Os figurinos? Do mago Darwin Gazzana, que naqueles tempos também respondia por alguns dos mais belos carros projetados para os desfiles.
A dedicatória
A foto de lembrança da festa de 60 anos atrás (acima) também trazia um agradecimento da empresa: "A gentil senhorita Carmen, oferecemos esta, com o nosso agradecimento. Caxias, março de 1961. E. Mosele S/A".
A empresa
Fundada em 1935 pelos empresários Eduardo Mosele, José Jaconi e Fortunato Mosele, a Vinícola E. Mosele & Cia localizava-se em local privilegiado para o escoamento da produção: na Av. Rio Branco, a poucos metros da Estação Férrea e do terminal de cargas.
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Nos tempos áureos, a produção da Mosele era vasta. Da fábrica para a mesa dos consumidores do Estado e do Brasil saíam o Branco Seco, o Clarete Mosele, o Riesling Mosele, o Espumoso Frisante Branco Seco, o Reno Mosele, o Frisante Tinto, o Vermuth Branco, o Gemado OK, o Quinado e o Conhaque Mosele, além do suco de uva e do Fino Champagne Mosele. Sem falar, claro, nos lendários vinhos Raposa e Raposa Verde.
A Mosele encerrou suas atividades no início dos anos 1980, e seu majestoso complexo foi derrubado para abrigar a sede da Receita Federal.
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