O aniversário foi em 3 de fevereiro, mas nunca é tarde para recordar de uma trajetória de 90 anos. Ainda mais quando essa história se mescla ao cotidiano de centenas de pessoas, parentes ou não, desde 1929. Foi quando nasceu, na pequena Capela de Santo Henrique, interior do então distrito de São Marcos, dona Zaira Polo Dall'Alba. Primogênita do casal Ferdinando Polo e Ida Borghetti Polo, Zaira "inaugurou" uma prole formada ainda pelos irmãos Zelcyr, Inês, Jardelino e Ricardo.
Embora os pais e irmãos atuassem basicamente na lavoura, a jovem de 16 anos já sonhava com algo diferente: ser professora. O início, porém, não foi dos mais fáceis. Em 5 de abril de 1945, a cavalo e acompanhada pelo pai, Zaira chegou à localidade de Travessão Porto, próximo a Ana Rech, para lecionar na escola Treze de Maio — tudo a convite do subprefeito do distrito.
O educandário seria próximo da casa onde ficaria morando temporariamente por dois meses, mas logo ela descobriu que nada disso havia sido muito planejado. O casal de hospedeiros, Carino e Lucia Dall’ Alba, não sabia da chegada da moça. Já a tal escola, na verdade, era uma casa de família adaptada e distante, que Zaira precisou arrumar e limpar para, então, começar a dar aulas.
Passado o revés inicial, a jovem acabou acolhida pelos Dall’Alba e lá ficou. Os dois meses previstos se estenderam por dois anos, período em que Zaira conheceu o jovem Fiorentino Dall’Alba, irmão de Carino. O flerte inicial rendeu um namoro, que resultou, óbvio, em casamento. Da união, celebrada em 11 de junho de 1949, na Matriz de São Marcos, nasceram sete filhos: Laura, Tiago, Lucila, Vicente, Tarcisio, Aida e Henrique – este último tinha apenas seis meses quando o pai faleceu repentinamente, aos 39 anos, de câncer, em 1965.
A partir daí, Zaira precisou dobrar a quantidade de aulas para suprir as demandas domésticas e de educação dos filhos – que, no total, lhe deram 10 netos e dois bisnetos. Boa parte deles esteve presente ao redor da matriarca no início do mês, quando foi realizado, ainda pela manhã, uma espécie de "making of" da aniversariante se preparando para o grande dia.
Acima, um dos registros, captado no lendário casarão de madeira da Capela de São Valentim — lar e aconchego da família desde os anos 1960 e de onde dona Zaira não pretende sair tão cedo...
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Na escola e na colônia
A partir do casamento, dona Zaira dividiu a lida na colônia ao lado do marido com a atuação na primeira escola da localidade de São Valentim. Nos anos 1950 e 1960, trabalhar na roça, colher pinhão e descascar vimes no horário inverso ao das aulas fazia parte de seu cotidiano, assim como corrigir os "temas" dos alunos à noite, à luz do lampião.
Posteriormente, Zaira lecionou na Escola Municipal Ana Nery, no Travessão Henrique D´Ávila, ensinando cerca de 45 crianças da primeira a quarta séries, simultaneamente. É dessa fase a imagem acima, com Zaira (à direita) acompanhada de seus alunos defronte ao colégio.
Abaixo, outras imagens da juventude e do casamento de Zaira com Fiorentino Dall'Alba.
Casarão em São Valentim
Dona Zaira mora até hoje no antigo casarão de madeira junto às terras das família, na localidade de Capela São Valentim, interior de Ana Rech. A entrada abriga um monumento em homenagem ao imigrante Antonio Dall’Alba, conhecido por "Toni dei Pinitti" (Antonio dos Pinheiros), inaugurado em 2000.
Lá está também uma placa alusiva à chegada dos pioneiros Dall’Alba à localidade, em 1885. Ela foi instalada no terreno um século depois, em 1985.
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