Não é de agora que as redes sociais têm colaborado, e muito, para aproximar gente que não se vê há tempos. Quando as lembranças dizem respeito aos bancos escolares, a mobilização virtual não costuma falhar. Foi o que aconteceu com uma recente e despretensiosa postagem no Facebook.
Ilustrada pelas imagens de uma turma do pré-escolar, em contraponto a uma do "terceirão", ex-alunos do Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer conseguiram mobilizar mais de 150 estudantes, ingressos na instituição de ensino entre as décadas de 1980 e 1990. O objetivo? Reencontrar os antigos colegas e professores em uma confraternização movida pela nostalgia.
O "revival" ocorreu no último sábado (24) e contou com cerca de 80 pessoas, entre alunos e professores, que enfrentaram o tempo chuvoso para relembrar histórias e fatos engraçados (ou tensos) do dia a dia no ambiente escolar. Conforme Catiuscia Xavier, integrante da comissão, a ideia é que a atividade se torne anual, promovendo não só a proximidade com os ex-colegas mas também com a comunidade escolar, angariando doações de materiais e serviços para o colégio.
— O próximo passo é a revitalização do parquinho dos Anos Iniciais, desativado há alguns anos. E isso é apenas o começo: vamos tentar devolver o que essa escola nos ofereceu em termos de ensino e convivência em sociedade — argumentou.
A iniciativa também foi saudada pela atual diretora da escola, Michele Biondo.
— Encontros como esse proporcionam momentos de ótimas recordações, boas risadas e o reencontro de antigas amizades, cultivadas no tempo de escola — concluiu Michele.
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A origem
O Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer teve origem em 1931, nas aulas ministradas pela professora Ida Zanellato, em sua residência, situada na esquina das ruas Sinimbu e Treze de Maio. Devido a um vendaval que praticamente levou a pequena escola “pelos ares”, Ida passou a bater de porta em porta para reerguer o estabelecimento de ensino, até que o comerciante Alberto Diligenti, comovido com a persistência da "mestra", ofereceu metade do estábulo que possuía em sua casa; a outra metade, destinava-se ao pouso dos tropeiros que vinham dos Campos de Cima da Serra.
Com o número de alunos crescendo, Ida solicitou ao intendente municipal Miguel Muratore que fosse cedido um local mais apropriado para as aulas, ao que foi atendida. Em 1º de maio de 1933, num prédio alugado na então rua Júlio de Castilhos, quase na esquina com a rua Vereador Mário Pezzi, surgia o "Grupo Escolar Dr. Júlio Prates de Castilhos".
Já com cerca de 300 alunos, em 1936, o então prefeito Dante Marcucci pleiteou a estadualização da instituição, concedida em outubro daquele ano — foi quando Wanda Zanellato, filha da fundadora, assumiu a direção. Porém, após dois anos, o mesmo problema pairou sobre a escola: muitos alunos e falta de espaço. Ida, junto à mobilização da comunidade, reivindicou, então, a construção de uma escola à altura da demanda.
A insistência culminou com a doação de um terreno localizado à Rua Vereador Mário Pezzi por parte do governo municipal e a posterior construção do prédio, iniciada pelo governo estadual em 1939 — a partir de um projeto do construtor Silvio Toigo. O Grupo Escolar Henrique Emílio Meyer foi inaugurado em 2 de setembro de 1940. O nome foi uma sugestão da comunidade caxiense para homenagear o professor que dedicou 51 anos de sua vida à educação do Rio Grande do Sul.
Na imagem acima, o prolongamento da Rua Vereador Mário Pezzi, onde estão situados os prédios do Senai e do Grupo Escolar Henrique Emílio Meyer, e da Rua Treze de Maio. À direita, na área rebaixada do terreno, vê-se o local onde seriam construídas as primeiras fundações da Maesa.
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A estrutura
Dimensionada para 500 alunos, a instituição foi considerada escola modelo, devido aos projetos de incentivo à leitura, prática de esportes e educação cívica. Foram integrados à instituição o Jardim de Infância, em 1946, o Ginásio do Bairro Guarany, em 1966, e o Colégio Comercial de Segundo Grau, em 1968, que funcionavam junto ao Grupo Escolar.
O prédio original, então, foi ampliado com o passar do tempo, adotando a grade curricular nos três turnos (manhã, tarde e noite). Em 1976, as três entidades foram unificadas em uma só, sob a denominação de Escola Estadual de 1º e 2º Graus Henrique Emílio Meyer.
Na foto abaixo, uma vista aérea do bairro Exposição. Vê-se as edificações da Fábrica 2 da Metalúrgica Abramo Eberle S.A. (Maesa), a área do parque Monteiro Lobato e os prédios do Grupo Escolar Henrique Emílio Meyer e do Senai, além dos prolongamentos das ruas Tronca, Dom José Barea, Plácido de Castro, Santos Dumont, Treze de Maio, Vereador Mário Pezzi e Andrade Neves.
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Informações sobre a trajetória do colégio foram disponibilizadas pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.