O médico Francisco Michielin nasceu escritor. O dom da escrita foi reconhecido na adolescência. No prefácio do livro Uma Rua Dentro de Casa (1990), o professor e historiador Mário Gardelin explica com precisão o talento precoce de Michielin. Chefe da redação, Gardelin viu surgir um grande repórter no Jornal Pioneiro, com apenas 15 anos de idade. O menino manejava com excelência o Português, algo difícil na época, e muito mais agora, afirmou Gardelin. Além disso, era pontual na entrega das reportagens e coerente em reproduzir os fatos. Na explanação de Gardelin, único desconforto com Michielin se refere à mudança para Porto Alegre, abandonando a profissão de jornalista para estudar Medicina.
A partir daí, Francisco Michielin consagrou-se como cardiologista e professor na UCS. Mas a tentação pela escrita perseguia. Há 27 anos, o médico retornou ao mundo literário com entusiasmo. Primeiramente vieram as obras inspiradas no cotidiano familiar de sua querida Caxias do Sul e tempos de estudante em Porto Alegre. O esforço foi saudado pelos contemporâneos do jornalismo, que viram o bom filho retornar a casa. O escritor Jimmy Rodrigues foi objetivo: Michielin é um médico competente, um cronista brilhante, cidadão íntegro e amigo dedicado!
Logicamente, a medicina seria privilegiada com seus escritos. Com toda autoridade de quem estuda e leciona em universidade, Michielin engajou-se na fundação da Academia Brasileira de Médicos Escritores. Nesta área, publicou a obra Um Brinde à Saúde, em julho de 2007. Em 2013, após um complexo trabalho de organização, lançou Doenças do Coração, de 1.550 páginas, em 121 capítulos.
Consideração pelo futebol
A dedicação do juventudista Michielin supera os limites do Estádio Jaconi. Especialista atento na história do futebol, Michielin escreveu sobre a derrota da Seleção Brasileira, em 1950, na final contra o Uruguai. Anteriormente, reviveu a eloquente conquista da Copa de 1958, na Suécia, numa obra elogiada pela imprensa nacional.
O memorável time da Renner, de Porto Alegre, também foi contemplado com o sentimento futebolístico do escritor caxiense, em livro lançado em 2009.
Além dos 12 livros publicados, o escritor participou de oito coletâneas e contabiliza 1.150 crônicas e 546 artigos. Neste momento, está envolvido na elaboração de mais dois livros.
Referência histórica do Juventude
Para um médico cardiologista, apaixonado pelo Esporte Clube Juventude, seria quase impossível não dedicar atenção ao clube do coração. A primeira obra, Assim na Terra Como no Céu, resgatou o contexto histórico do Juventude. Para quem admira a história de Caxias do Sul, o livro eterniza emblemáticas informações do clube fundado em 1913.
O segundo livro, Juventude, Paixão e Glória (2016), reforça a intimidade e a autoridade de Michielin com o seu clube. No estádio Alfredo Jaconi, a torcida testemunhou trabalhos de técnicos consagrados do futebol brasileiro, como Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Leão, Cuca, Levir Culpi, Tite, Valmir Louruz, entre outros. Neste cenário, o jornalista e escritor Michielin zela pela clareza dos fatos em registros precisos.