O escritor Claudioli Trindade, nascido em São Gabriel, veio para Caxias do Sul em 1960, acompanhando seus pais, que se mudaram devido à função pública no Estado. A sensibilidade para a escrita efervesceu na década de 1980, quando trabalhou nas livrarias Sulina, Rossi e Globo. Imerso num mundo repleto de gêneros literários, Claudioli teve uma inclinação para o universo infantil.
O propósito de um escritor está cercado de obstáculos, reconhece Claudioli.
Mas a obra Era uma vez...Só uma vez, possui uma relação de afeto com o historiador Mário Gardelin. Após ler o textos originais, e ter elogiado a trama, Gardelin auxiliou na impressão pela Educs, em 1989.
O próprio Gardelin fez a apresentação, e, inspirado pela narrativa de Claudioli, relembrou e associou os fatos ligados aos ancestrais de sua família Dal’Alba, em Ana Rech. Quando havia o costume de cortar araucárias, seu avô percebeu a importância de plantar pinhões. Hoje, a mata de araucárias enriquece o meio ambiente.
O Machado Destrutivo
A trama literária de Claudioli Trindade tem como protagonistas os personagens barqueiro Noel, Dona Flora e os filhos Natália e Kencerá, Tampinha e Tampinhola. O roteiro inicia em São Gabriel e passa por cenários de Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e Caxias do Sul.
O conteúdo possui uma reflexão do mau uso de instrumentos na exploração da madeira, exemplificado no machado mágico. Ao usar a face errada da ferramenta, Kencerá provoca uma grande derrubada de árvores, trazendo danos ao rio Aquário. Alertado por Tampinha, Kancerá se arrepende da atitude, despertando a consciência para o reflorestamento. E o herói Tampinha encerra o enredo, ao fixar domicílio em Caxias do Sul, onde construiu uma casa de rolhas para receber visitantes do mundo e apreciar um anãozinho poeta.
O minerador das pedras preciosas
Dentro de uma reflexão ambientalista, Claudioli usa o encantamento dos livros infantis para alertar a incontrolável extração de pedras preciosas pelo minerador Tuto. Ficam evidentes os efeitos degradantes da terra na busca incessante pelas riquezas naturais.
Esta obra, lançada em 2012, também possui a riqueza da interação de um grupo de amigos que colaborou na produção do livro.
Claudioli teve o apoio cultural de Aires Battistel, amigo dos tempos de seminário Nossa Senhora Aparecida. Battistel recorda que Claudioli exibia uma paixão para a literatura e era bom de oratória. O livro foi produzido pela Editora Maneco, instituição sensível com os anseios literários caxienses.
Nas ilustração, destaca-se a jovem Maria Theodora Sirtoli Marcondes, que com apenas 10 anos exibiu um traço expressivo em 12 desenhos. O pai, Walmir Marcondes, recorda que Maria estudou desenho com a professora Helena Valduga.
Também integram a produção do livro Marcos Kirst (revisão), Josiane Pagliarin (diagramação) e catalogação da bibliotecária Maria Nair Sodré Monteiro da Cruz, homenageada da feira do livro deste ano.