O imigrante italiano Anselmo Beretta (1880-1925) poderia ter permanecido no conforto de Vicenza, centro industrial da Itália. Inserido no processo migratório, onde muitos italianos que buscavam novos horizontes de trabalho, Anselmo teve oportunidade para abrir seu conceitual propósito em Nova York ou em Buenos Aires. Mas no decorrer do tempo, optou em definitivo pelo Brasil. Nem São Paulo seduziu o empreendedor. Anselmo Beretta escolheu a bucólica Caxias do Sul, em 1917, para iniciar sua atividade. Distante dos grandes mercados de consumo, mas vocacionado para construir um conceito de marca, o relojoeiro transformou o nome Beretta numa promissora grife, aproveitando o charme e a suavidade do nome italiano, elemento tão bem explorado pelos papas da publicidade mundial.
E foi com o conhecimento adquirido na Europa que os destinos de Anselmo Beretta se lapidaram. O bom gosto pelo clássico influenciou o estilo da Joalheria Beretta. Inserido num cenário carregado de desafios e incertezas, Anselmo encontrou apoio na sua mulher Augusta Merlin, que assumiu a administração a partir de 1925.
Comprometida com o patrimônio familiar, Augusta sensibilizou os filhos para trabalhar na loja. As filhas Wanda e Eni atendiam os clientes, enquanto e o filho Júlio aprimorou o ofício de relojoeiro na Casa Masson, em Porto Alegre. Este comprometimento familiar se sucedeu com êxito e encontra-se na 4ª geração que administra a joalheria.
Hoje, quem entra na Joalheria Beretta encanta-se com as joias, pedras preciosas, óptica, relógios e cristais. A primeira impressão vem acompanhada pelos retratos do passado, imagens tão significativas quanto a eternidade dos diamantes. A fotografia de Anselmo Beretta, no interior de sua relojoaria, dignifica a história de um homem que não se limitou no comodismo e buscou em longas travessias oceânicas criar um lugar mágico para realizar sonhos e satisfações de seus clientes.
Reconhecimento pela imprensa caxiense
A história da Joalheria Beretta possui a participação da mulher caxiense. Suzana Lima Beretta, casada com Julio Beretta, em janeiro de 1940, ano que ingressou na administração da loja, enquanto o marido viajava a trabalho. Na biografia de uma página, publicada no Pioneiro de 14 de junho de 1990, Suzana não esqueceu de enaltecer a travessia de Anselmo Beretta pelo mundo.
Na imagem, percebe-se o filho Valter Beretta entregando o Troféu Caxias-114, em solenidade no Clube Juvenil, em 27 de junho de 1990, reconhecimento dedicado pela imprensa caxiense aos empreendedores da cidade.
Consagração de um trabalho perfeito
No universo das joias e pedras preciosas, tudo é perfeito e esplendoroso. A Joalheira Beretta atinge seu centenário com brilhantismo, agregando valores culturais que engrandecem a economia caxiense. Um majestoso e consistente livro – Beretta 1917/2017– traduz o ambiente da joalheria, com seus personagens, documentação pessoal e jurídica e a exuberante linha requintada de produtos. A obra será lançada nesta terça, às 19h, na loja Beretta localizada no Shopping San Pelegrino, em Caxias. O evento também conta com a apresentação do Quarteto de Cordas da UCS. O trabalho é resultado de uma pesquisa que envolveu esforços de Valter, Beatriz, Roberto e Juliana Beretta, com texto e layout de Véra Stedile Zattera e correção ortográfica de Magda Toressini. A impressão foi executada na Editora São Miguel.