Durante a chegada das primeiras levas de imigrantes ao Brasil, o casal italiano Moré Casagrande e Luiza Sponga vieram da Itália em busca de oportunidades e instalaram-se no interior de Bento Gonçalves, atual Santa Tereza. Eles se casaram em 3 de fevereiro de 1886, na Paróquia de Santo Antônio.
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A história de Moré é inusitada. Abandonado quando criança e cuidado por freiras no Istituto Provinciale per l’Infanzia Santa Maria della Pietà, um orfanato de Veneza, a criança foi registrada em documentos como filho de "pais ignorados". Após crescer, se mudar para o Brasil e casar-se com Luiza, Moré passou por diversas dificuldades financeiras até conquistar a estabilidade que buscava.
Em 1892, com o advento da Revolução Federalista ocorrida no Sul após a Proclamação da República e instaurada por uma crise política, grupos opositores ao governo saqueavam famílias e cometiam crimes no Estado, inclusive em Bento Gonçalves.
Um fato como esse ocorreu na casa de Casagrande, quando tropas inimigas entraram na residência da família e exigiram qualquer arma que a família guardasse em casa, tornando Luiza refém e pedindo que ela informasse o paradeiro do marido, que estava no trabalho. Ajoelhando-se e rezando por piedade, Luiza acabou saindo ilesa na época, tendo os homens se retirado sem machucá-la.
Em outra ocasião, a família toda foi obrigada a se esconder num buraco feito na terra para preservar a própria vida, ameaçada pela violência dos federalistas.
Na foto ao lado, o relato da história feito no livro Bento Gonçalves: História da nossa História que ainda não registramos, de Mafalda Maria Michelon.
A história dos descendentes
A trajetória de Moré e Luiza foi difícil, porém valeu a pena na medida em que a família conseguiu manter-se sempre unida. A história do casal italiano, entretanto, era desconhecida por seus descendentes até pouco tempo atrás, sendo descoberta ocasionalmente pelo trineto do casal, o jornalista Antônio Feldmann, em busca do processo que lhe concederia a cidadania italiana.
Moré e Luiz tiveram um filho, chamado Angelo Casagrande, que foi pai de Luiz José Casagrande, que gerou Zulmira Casagrande, que, por fim, casou-se com Nilo José Feldmann e foi mãe de Antônio Feldmann.
Emocionado, Antonio resume a importância da descoberta da história.
— Sou descendente de uma criança abandonada pelos pais na Itália, que lutou para sobreviver no Brasil. O processo de Cidadania Italiana faz a gente descobrir preciosidades sobre nossos antepassados — contou Feldmann, ao Pioneiro.
Homenagem a Nilo Feldmann
Antônio Feldmann comemorou, no último dia 17, o aniversário ao lado do pai Nilo José Feldmann, que, infelizmente, faleceu no hospital. O pai, amigo e professor Nilo era um exemplo para a família e para a comunidade.
Sua perda foi imensamente sentida por todos que o conheciam. Toda a família Feldmann presta homenagem a um personagem que participou ativamente do desenvolvimento da cidade através de seu trabalho e dedicação com a sociedade.