O escritor Mansueto Bernardi (20/03/1888-09/09/1966) marcou sua existência por uma expressiva produção literária. Na direção da Livraria do Globo, intensificou suas pesquisa em várias temáticas da historia do Rio Grande do Sul. Neste ambiente de efervescência cultural, manteve uma relação de amizade com grandes nomes da literatura, entre os quais Erico Verissimo, Mario Quintana, Pedro Vergara, Augusto Meyer, Roque Callage, Rui Cirne Lima, entre outros.
Na sua criação intelectual, destaca-se a obra Colônias e Colonizadores, cujo conteúdo retrata a saga da imigração italiana em solo gaúcho. Amparado em dados reais e estatísticos, o livro aborda de forma consistente aspectos religiosos, trabalho, educação, política, família, sociedade, referências geográficas e documentais.
A bucólica e rural comunidade de Lajeadinho, no interior de Veranópolis, evidencia-se pela sua simbologia em acolher o Cemitério dos Imigrantes, existência reconhecida e documentada por textos de Bernardi. Em 1960, ao inaugurar uma placa em bronze, o orador Mansueto Bernardi enalteceu os imigrantes que chegaram na localidade, a partir de 1886. Na eternidade do metal, estão designadas as famílias Bernardi, Battagello, Anzanello, Bavaresco, Bin, Baron, Bisotto, Dal Pai, Bortoli, Busnelli, Bissoto, Brun, Cavedon, Colao, Dall’Agnese, Dal Pai, Feltraco, Ferro, Giardin, Klein, Meneghini, Moresco, Pagliari, Piccolo, Sinaglia, Toson, Zambon, Zanusso, Zanin, Anzello, Barni, Cesca, Grappaggia, Marin, Polisello, Sperandio, Peruzzo, Rebeschini, Todeschini e Zanchetta.
Livro documental de Mansueto Bernardi
Mansueto Bernardi teve uma trajetória profissional marcante na história do país. Exerceu função pública como técnico do tesouro e intendente em São Leopoldo. Na direção da Livraria do Globo, viveu próximo ao grupo de Getúlio Vargas, integrando a Revolução de 1930. Comprometido com Vargas, recebeu a missão de dirigir a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro.
Ocupando funções que exigiam empenho, não se afastou de suas raízes. Dominando a arte literária, colaborou na documentação e elaboração de importantes publicações. O documentário La Cooperazione Degli Italiani al Progresso Civile ed Econômico Del Rio Grand Del Sud, aferiu a exitosa contribuição dos italianos na construção da sociedade gaúcha em 1925. Já o livro Colônias e Colonizadores registra significativos fatos e personagens que integram a história de Lajeadinho e o Cemitério dos Imigrantes.
Proteção espiritual da Igreja
No Cemitério dos Imigrantes residem elementos que confirmam a passagem de Dom João Batista Scalabrini, em 1904. O religioso italiano veio ao Brasil acompanhar e dar assistência espiritual ao processo imigratório. Foi nesta ocasião que consagrou o Cemitério de Lajeadinho. Um monumento com uma placa em granito e uma foto do missionário registra a visita.
Na entrada do local, está fixada uma placa com uma narrativa histórica de Mansueto, escrito elaborado em 1942. No mesmo cemitério está sepultado o escritor.