O italiano Mansueto Bernardi, cujo museu Vila Bernardi é uma das atrações turísticas de Veranópolis, evidenciou-se por diversas contribuições nos universos literário, político e educacional – e suas articulações resultaram em profundas mudanças no Brasil. Por ser um dos integrantes da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, Bernardi ganhou respeito e confiança ao desempenhar a função de chefe da comunicação. Uma vez instalado o Governo Provisório da República, Vargas nomeou o amigo como diretor da Casa da Moeda.
Entre 1931 e 1938, Bernardi constatou as deficiências do órgão e propôs diversas inovações. No plano externo, por exemplo, dedicou estudos e apreciações técnicas para implantar a mudança da moeda de mi réis para o cruzeiro, considerando que a nomenclatura monetária representava resquícios de sujeição ao Reino de Portugal.
O projeto de mudança teve apreciação favorável de Osvaldo Aranha, então ministro da Fazenda. A partir daí, os esforços dedicaram atenção especial na substituição, o que exigia investimentos para a impressão das novas cédulas, bem como reforma da Casa da Moeda para atender a produção do grande volume exigido.
Todo este trabalho durou 10 anos, sendo concluído somente em 1942, quando foi adotado o novo padrão monetário. Na foto acima, de 1933, percebe-se Mansueto Bernardi (C) junto ao técnicos de laboratório Rondolpo R. Bhering, Luiz da Rocha Lassaurs, Adalberto de Andrade, Galdino Lima da Silva, Geraldo Cabral e Jaci Barros de Mello.
Uma visita ao laboratório
A produção de moedas metálicas e cédulas exigiu da Casa da Moeda um corpo técnico de laboratoristas de elevado conhecimento acerca dos materiais. Um laboratório com equipamentos modernos dava suporte para a realização de testes em tintas, metais e celulose. Já no âmbito mais artístico, havia profissionais para desenhar, modelar, gravar e cunhar as moedas.
Em 1937, moedas brasileiras foram premiadas na Exposição Universal de Paris. Entre os medalhistas da época destacavam-se Leopoldo Campos, Calmon Barreto e Walter Toledo. Na imagem acima, Mansueto (ao centro, de terno), acompanhou a visita de um representante do Ministério da Fazenda (à direita) ao laboratório, em 1933.
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O livro "Estudos Monetários"
Mansueto Bernardi dirigiu a Casa da Moeda com paixão. Sua afinidade com a função originou-se por volta de 1909, quando ele passou no concurso público para o Tesouro do Estado do Rio Grande do Sul. Após deixar o órgão, em 1938, escreveu o livro Estudos Monetários, cujo conteúdo revela como a produção de moedas e cédulas exige estudos criteriosos, científicos e artísticos.
No capítulo "Um punhado de alvitres e observações", destaca-se a discussão técnica do metal, em que as variações químicas, purezas e combinações com outras ligas possuem efeitos para evitar a evasão para o Exterior e a falsificação. Alerta ainda para as reservas de níquel, cujo disponibilidade interfere na decisão de escolher uma determinada matéria-prima para desencadear a produção e suprir as demandas do mercado.
O casarão
A trajetória de Mansueto Bernardi (1888-1966) é ricamente evidenciada na Vila Bernardi, em Veranópolis, onde ele morou até falecer. O casarão, dotado de biblioteca, documentos, mobiliário do início do século e vasto acervo fotográfico, recebe visitantes mediante agendamento pelo fone (54) 3441.4658.
Um busto de Mansueto Bernardi também encontra-se na praça central da cidade.
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Informações desta coluna são uma colaboração do repórter fotográfico Roni Rigon.
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