O armazém do filho de imigrantes italianos Antonio Boz marcou época na esquina das ruas Vinte de Setembro e Vereador Mário Pezzi nas décadas de 1930, 1940 e 1950. E as lembranças do neto Adelmar Boz jogam luzes sobre a relação das centenas de moradores dos arredores com o antigo comércio de secos e molhados, que sucedeu a antiga pensão da família.
Toda essa história teve início com a chegada, em 12 de setembro de 1878, do casal Vittore Boz e Rosa Boff Boz. Vindos da província de Belluno, eles se estabeleceram no antigo Travessão Solferino, na Quinta Légua, onde Antonio Boz, um dos filhos, dedicava-se à agricultura.
Tempos depois, após fixar-se na cidade, Antonio instalou uma espécie de hospedaria em um antigo casarão de madeira. Era onde acolhia, juntamente com a esposa Domenica Salvador, a maioria dos viajantes, comerciantes e tropeiros que passava pela cidade em meados da década de 1920.
Conforme Adelmar, alguns anos depois a pensão foi demolida, sendo construído no lugar um novo casarão de alvenaria de dois andares. Foi onde, a partir da década de 1930, Antonio Boz daria início ao famoso armazém de gêneros alimentícios. Eram os tempos em que tudo era comprado a granel e marcado "no caderno": de arroz, açúcar, feijão e farinha de trigo a fogões, cadeiras, colchões, tecidos, calçados e qualquer outro produto de primeira necessidade no dia a dia das famílias.
Venda a granel: ontem, hoje e sempre
A consolidação do local também deveu-se à localização. Além de não haver "concorrência", o armazém era vizinho de nada menos do que sete empresas de vulto na cidade. Todas com uma excelente quantidade de empregados e, logicamente, potenciais clientes: a Cervejaria Leonardelli, a Cervejaria Brahma, a Tecelagem Panceri, a Tecelagem Luiz Pizzamiglio, a Indústria de Produtos Químicos Veronese, a Malharia Polar e a Malharia Americana. De todas elas, apenas a Veronese, fundada em 1911, segue em atividade.
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Memória
Armazém de Antonio Boz nos anos 1940
Comércio fazia vizinhança com a Cervejaria Leonardelli, a Tecelagem Panceri, as malharias Polar e Americana e a indústria de Produtos Químicos Veronese
Rodrigo Lopes
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