O Clube Juvenil foi gestado durante uma audição de piano, na casa da professora Amália Giesen, em 17 de junho de 1905. Carlos Giesen, Henrique Moro e Américo Ribeiro Mendes, que assistiram às apresentações da alunas de piano, idealizaram as primeiras tratativas para constituir um clube social – em 19 de junho, numa sala cedida por José Bragatti, foi consolidado o propósito, com a presença de 15 jovens.
Desde então, o Clube Juvenil fomentou uma programação recreativa e esportiva que valorizou e fortaleceu as relações na comunidade caxiense: na primeira sede, construída em 1910, havia salão de festas, restaurante, sala de bilhares e jogos de bolão. Já em 1917, o livro Rio Grande do Sul Sportivo elaborou um documentário das atividades esportivas no Estado.
O Clube Juvenil, por exemplo, destacou-se pelo bem organizado departamento de futebol. Naquela época, a modalidade de esporte ainda estava se firmando no contexto social, tanto que muitas expressões eram escritas e pronunciadas em inglês – o próprio futebol foi aportuguesado do vocábulo inglês foot ball.
Na imagem acima, percebe-se uma disputa entre o Sport Club Juvenil e o Internacional, de Porto Alegre. Não havia arquibancadas, e os torcedores assistiam aos jogos em pé.
Leia mais:
Clube Juvenil: 110 anos depois
Juventus: os 60 anos do tricampeonato varzeano em 1954
Baile no Esporte Clube Juventus nos anos 1950
O campo
Conforme o aposentado Luiz Carlos Cavalcanti Tronca, 86 anos, o campo localizava-se nas imediações das ruas Tronca, Marechal Floriano e Sarmento Leite. Foi lá que o pai, o meio-campo Luiz Tronca, jogou por várias vezes em meados dos anos 1920, quando integrou a equipe. Já o avô, Domênico Tronca, foi quem concedeu o espaço para o futebol.
Em documento registrado em cartório, ele condicionava a utilização do terreno, conhecido por Mato do Tronca, à finalidade esportiva. Portanto, assim que o Clube foi extinto, no início da década de 1930, a área retornou a Domênico.
A extinção do departamento nos anos 1930
O futebol do Clube Juvenil era organizado por Guido D’Andrea e tinha apoio de nomes como Hermano Benetti, Antonio Festugatto, Augusto Galleano, Gilberto e Alfredo Brigidi, Raynundo Magnabosco, José Bracagiolo, Luiz Oliva e Osvaldo Zimmermann.
Conforme recorda Luiz Carlos Tronca, com a conquista do Uruguai no Mundial de 1930, muitos jogadores vieram para o Brasil. Por sua vez, o Juvenil, que focava sua atuação no futebol amador, resolveu fechar o departamento boleiro.
Já o Juventude caminhava cada vez mais rumo à profissionalização. Na Taça Festa da Uva de 1931, por exemplo, o Juventude goleou o Juvenil por 5 a 1, o que colaborou para a decisão do Juvenil de desistir do futebol. Nas imagens acima e abaixo, a primeira e a segunda equipes do Juvenil, em 1916.
Você reconhece ou tem informações sobre algum dos jogadores? Entre em contato com a coluna.
Martha Rocha, Miss Brasil 1954, visita Caxias do Sul
Juvenil e Juventude
Conforme informações contidas no livro Assim na Terra Como no Céu, de Francisco Michielin, o Juvenil foi o primeiro rival do Esporte Clube Juventude no território caxiense. Em 1919, o Juventude recebeu o poderoso 14 de Julho de Livramento no campo do Juvenil. Diante dos torcedores juvenilistas, o Juventude goleou o time visitante por 4 a 1.
Francisco Michielin lança livro sobre os primeiros 100 anos do E. C. Juventude, em Caxias do Sul
Parceria
Informações desta coluna são uma colaboração do repórter fotográfico Roni Rigon, a partir do livro Rio Grande do Sul Sportivo, integrante do acervo de Helio Comandulli.
Família Comandulli nos primórdios de Rainha do Mar
Neve de 1965: um flagrante da família Comandulli