Se há uma palavra que descreve a trajetória da são-marquense Arilde Cecília Chemello Bertelli, 79 anos, é dedicação. Dona Arilde, entre outras coisas, é referência em pesquisa e arquivamento de material histórico em São Marcos. Como o município não tem um arquivo histórico, ela faz o trabalho de organizar e arquivar todos os materiais referentes à história da cidade e seus moradores, por iniciativa própria.
A ideia de se tornar pesquisadora e arquivista surgiu em 1953. O acervo começou de forma modesta, com poucas fotos e anotações sobre ao município. Hoje, são mais de 28 mil fotos e 3,8 mil livros. Também estão guardados documentos de vários tipos, incluindo todas as publicações de jornais que circularam por São Marcos até hoje.
Quem chega à residência de dona Arilde logo observa o cuidado com todo o material que ela armazena. São prateleiras e mais prateleiras forradas de pastas. Em cada uma, há a identificação do assunto e a data. Para muitos, os arquivos podem representar somente papeis sem valor algum, mas para dona Arilde são relíquias guardadas com maior zelo possível, em pelo menos três cômodos da casa.
Inauguração do Monumento Monte Calvário, em São Marcos, em 1952
Dona Arilde conta que seguidamente é procurada por pessoas que desejam saber um pouco mais da origem familiar e encontram em seu acervo respostas sobre a trajetória dos antepassados. Algumas pastas são dedicadas a cada um dos seus próprios familiares. Em uma delas, por exemplo, a arquivista guarda lembrancinhas, fotos e recortes de jornais do dia nascimento do último neto, Giacomo Vittorio Trevisan Bertelli.
No registro abaixo, Arilde, à época com 16 anos, aparece com os irmãos na comemoração das bodas de prata dos pais Antônio Chemello e Maria Giuseppina Bianchi Chemello. Na foto, na fila de trás, a partir da esquerda, Arilde Cecília, Nazareno José, Ignês Záira, Atalita Maria e Isaura Carmelinda. Na frente, na mesma ordem, Orlando Antoninho, Maria Giuseppina Bianchi (mãe), Mario Rosalino, Maria Lorena (sentada), Lauri Alcides, Antônio (pai) e Ruy Brás. A mãe, Maria Giuseppina, estava grávida de dois meses do filho Ivan Luiz.
Educação e família
No mesmo ano em que dona Arilde iniciou o hobby como arquivista, ela também começou sua trajetória nas salas de aula. Durante 30 anos, passou por várias funções nas escolas, desde presidente de Conselho de Pais e Mestres até a diretoria.
Memória: as fases da Igreja Matriz de São Marcos
A paixão pela educação acabou rendendo um livro intitulado Escolas de São Marcos: um século de cultura – 1900 a 2005. Para escrever a obra, de 1008 páginas, Arilde passou cinco anos pesquisando.
– Lembro-me que tinha que ir pelo interior para colher o depoimento das pessoas sobre as primeiras escolas. Hoje em dia, seria bem fácil fazer um novo livro porque as escolas estão todas centralizadas – analisa a professora aposentada, que foi patrona da Feira do Livro de São Marcos em 2013.
Ela casou-se em 1957 com o senhor Aramy Bertelli. O casal teve quatro filhos: Airton José, Áureo, Angélica e Adilson. Arilde e Aramy também têm cinco netos, Stefânia, Giovanni, Geórgia, Jordana e Giacomo. Ao lado, dois momentos de Arilde como professora.
Na imagem abaixo, ela na sala de aula da Escola Francisco Doncatto em 1967. O menino sentado na primeira fila é o seu filho Áureo Bertelli.
Dona Arilde Bertelli foi a primeira mulher a ocupar um cargo no legislativo são-marquense. Em 1964, um ano depois da emancipação política de São Marcos, ela lançou-se candidata à vereadora na primeira eleição municipal. Garantiu-se como primeira suplente, com 79 votos. Dois anos depois, assumiu a Câmara de Vereadores por uma sessão durante a falta de um colega.
Informações desta coluna são uma colaboração de Alana Fernandes e Áureo Bertelli.