Pegando carona no aniversário de 75 anos de fundação do Aeroclube de Caxias do Sul, em 19 de fevereiro de 1941, recordamos de um episódio que destruiu um dos símbolos dos primórdios da aviação caxiense.
Falamos do Duque de Caxias, primeiro avião de treinamento doado ao Aeroclube pela Campanha Nacional da Aviação - lançada em 1941, durante o governo de Getúlio Vargas.
Exposto no pátio do Parque de Exposições da Festa da Uva de 1950, o "Duque" foi atingido pelo violento incêndio que tomou o pavilhão na madrugada de 17 de março, às vésperas do final do evento.
A aeronave teve sua fuselagem totalmente destruída, restando apenas o motor e o esqueleto - exatamente no momento em que o Aeroclube receberia o milésimo avião cedido pela campanha Dê Asas ao Brasil.
Ferragem Caxiense: um incêndio agita o centro de Caxias em 1952.
A seguir, alguns registros captados pelo fotógrafo Reno Mancuso (1919-1974) na madrugada e na manhã seguinte ao sinistro. Conforme matéria do Pioneiro de março de 1950, o Atelier Mancuso foi o primeiro a ter permissão para entrar no recinto logo após a interdição.
Na época, Reno prestava serviços à polícia, e todas as fotos tiradas por ele foram anexadas ao processo judicial. O acervo do Poder Judiciário - com esse processo, inclusive - foi doado à Universidade de Caxias do Sul e atualmente integra o Centro de Memória Regional do Judiciário, junto ao Instituto de Memória Histórica e Cultural (IMHC) da UCS.
Aeroclube de Caxias do Sul: 73 anos de histórias e paixão por voar.
Caxias pelas lentes do fotógrafo Reno Mancuso.
Assis Chateaubriand e Julio Sassi
Pode-se dizer que a campanha Dê Asas ao Brasil teve inicío em Caxias do Sul, quando o magnata das comunicações Assis Chateaubriand participou da inauguração do aeroclube, em fevereiro de 1941.
No momento em que o empresário cogitou essa ideia, Julio Sassi (1908-2005), primeiro presidente do aeroclube, não perdeu tempo: oficializou um pedido para ganhar um avião.
Naquele mesmo 19 de fevereiro de 75 anos atrás, antes de decolar, Chateau lançava a campanha e prometia a aeronave. Poucos meses depois, o Duque chegava a Caxias.
A partir daí, a iniciativa seria responsável pela distribuição de centenas de aviões, ajudando a fundar cerca de 400 aeroclubes pelo país.
Brevetados do Aeroclube de Caxias do Sul em 1942.
Incêndio iniciou na madrugado do dia 17 de março de 1950. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
Chamas tomaram o parque localizado no terreno da antiga Cooperativa Madeireira Caxiense. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
Incêndio ocorreu às vésperas do encerramento da Festa da Uva de 1950. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
A explosão
Causado possivelmente pela explosão de um fogão - a perícia não foi conclusiva -, o fogo consumiu todo o Palácio de Festas, junto ao recinto da Exposição Agro-Industrial de 1950. No local funcionavam o restaurante, a bomboniére e a boate.
Ninguém ficou ferido, mas o parque situado no quarteirão cedido pela antiga Cooperativa Madeireira Caxiense (onde hoje localizam-se os hipermercados Big e Zaffari) foi deixado de lado. Na edição de 1954, a Festa ganharia seu moderno pavilhão próprio, na Rua Alfredo Chaves.
Festa da Uva: um parque e um incêndio em 1950.
As fiandeiras da Festa da Uva de 1950.
Presidente Eurico Gaspar Dutra visita a Festa da Uva de 1950.
Duque de Caxias, um dos símbolos da Campanha Nacional da Aviação, ficou reduzido a uma carcaça. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
Parque onde o Duque estava exposto foi parcialmente destruído pelo fogo. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
Área do pavilhão compreendia dois quarteirões entre as ruas Vinte de Setembro, Dr. Montaury, Ernesto Alves e Borges de Medeiros. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
O fim de um parque: cenário da manhã seguinte ao sinistro era de desolação. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
O parque iluminado à noite, uma das vistas mais bonitas da Festa da Uva de 1950. Foto: Studio Geremia, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação
Chamas tomaram o parque durante a madrugada, mas ninguém ficou ferido. Foto: Reno Mancuso, acervo Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC/UCS), divulgação