Celeste Gobbato (1890/1958), com doutorado em Ciências Agrárias pela Real Universidade de Pisa, Itália, evidencia-se como um dos principais colaboradores na história da Festa da Uva. O italiano chegou ao Brasil em 1912 para lecionar na Universidade Técnica do Rio Grande do Sul, com o propósito de desenvolver e melhorar o setor vitivinícola gaúcho.
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Em 1930, após desempenhar a função de Intendente, fixou domicílio em Caxias do Sul. Foi diretor na Estação Experimental de Viticultura e Enologia, onde atualmente está localizada a Universidade de Caxias do Sul.
Como autoridade no assunto, Gobbato percebeu de imediato a importância da primeira mostra da Festa da Uva. O agrônomo agregou-se ao projeto de Joaquim Pedro Lisboa e colaborou com a apresentação de um acervo de castas nobres.
Sensível com a viticultura, Gobbato aproveitou a Festa da Uva para despertar o aperfeiçoamento da uva e do vinho. Em 1932, foi então instalado o Congresso de Enologia. Na edição de 1933, Gobbato presidiu a Festa, ocasião em que Joaquim Pedro Lisboa foi seu secretário.
Festa da Uva: envolvimento regional desde de 1933
A persistência em fortalecer a consciência na cultura da viticultura foi renovada. O 2º Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia promoveu debates em torno de qualidade dos vinhos, plantio de castas de mesa, produção industrial, fiscalização, métodos de laboratório, tarifas ferroviárias, legislação, tributos fiscais e comércio. De início, em paralelo às atrações recreativas, a Festa preocupou-se com o futuro da viticultura. A consolidação da 31ª edição é uma prova do esforço no passado.
O relatório da terceira edição
Celeste Gobbato foi um personagem que acreditou fortemente na Festa da Uva. Sua índole acadêmica foi sensível em transformar as ações em documentos. Na sua passagem pela Intendência de Caxias do Sul (1924/1928), elaborou consistentes relatórios, que atualmente são referências de consultas para pesquisadores. No certame de 1933, o relatório da 3ª Festa da Uva formaliza todas as ações de forma minuciosa.
Lembranças da Festa da Uva na década de 1930
O trabalho da comissão, os atos oficiais da inauguração, a mostra de uvas, a feira agroindustrial, a coroação da primeira rainha, o corso alegórico e as sessões do Congresso de Viticultura e Enologia estão registrados, ilustrados por fotografias de alta qualidade estética e informativa.
Acontecimentos da Festa da Uva de 1933 estão detalhados no relatório acima. (Foto: Roni Rigon/ Agência RBS)
Testemunho fotográfico
O conteúdo fotográfico do relatório da Festa de 1933 traduziu uma realidade nostálgica. Um conjunto de 38 imagens eternizou momentos significativos. Era então a edição que fortaleceu a programação com a escolha da rainha Adélia Eberle.
O corso alegórico valorizou os elementos singelos dos parreirais, muitos viticultores, cujos carros eram tracionados por bois. Na foto abaixo, percebe-se a passagem dos carros da Avenida Júlio de Castilhos, emoldurado por uma expressiva multidão.
Em 1958, o desfile foi transferido para Rua Sinimbu. Em 2016, houve terceira mudança, para a Rua Plácido de Castro.
*Com a colaboração do repórter fotográfico Roni Rigon.
A passagem do corso pela Avenida Júlio de Castilhos em destaque no livro que registra a edição de 1933. (Foto: Roni Rigon/ reprodução)