No turbilhão dos dias, encontro-me entre o dever de mãe e o desejo de criar alguém decente para o mundo. Cada manhã é um novo capítulo nessa saga, onde os desafios, o esgotamento físico e mental se entrelaçam com momentos de ternura, moldando o caminho que percorremos juntas.
Desperto com o sol tímido que invade o quarto, banhando-nos com seus raios dourados. O relógio implacável marca o início de mais um dia repleto de funções. Um check list infinito. A rotina é uma dança intricada, onde equilibro os afazeres domésticos com as exigências do trabalho. Sou uma péssima malabarista, mas sou, hoje, a melhor mãe que poderia ser.
Na cozinha, o cheiro do café recém-passado mistura-se ao do pão fresco, que corri cedo à padaria para comprar. Tudo é convite à energia que precisamos para enfrentar o mundo lá fora. Enquanto preparo o desjejum, minha mente vagueia entre as tarefas que me aguardam e os sonhos que alimento para mim e para minha filha.
Ela, minha pequena semente de esperança no mundo, sorri ao acordar, seus olhos azeitonados brilhando com a promessa de um novo dia. É nesse sorriso que encontro a força para superar qualquer obstáculo, a motivação para ser melhor a cada instante. Juntas, enfrentamos o caos do trânsito, os desafios do cotidiano, os olhares julgadores que tentam nos desanimar. Mas, de mãos dadas, seguimos, armadas de afeto e cuidado mútuo.
No trabalho, sou uma mulher entre muitas, uma voz em meio ao coro que clama por reconhecimento e respeito. A batalha é árdua, mas não desisto, pois sei que cada vitória é também uma lição para minha filha, um exemplo de determinação e coragem. Ela precisa se ver no espelho social, sou reflexo para ela. Sei bem disso.
Ao fim do dia, o retorno ao lar é um refúgio de paz em meio ao tumulto da cidade. Sentadas à mesa, compartilhamos não apenas a comida, mas também os sonhos, os medos, as alegrias. É nesses momentos de cumplicidade que sinto o peso da responsabilidade que carrego em meus ombros, mas também a leveza de tudo o que nos une.
À noite, enquanto ela dorme serenamente, contemplo seu rosto vivido sob luz pouca e me pergunto se estou fazendo o suficiente, se estou guiando-a pelo caminho certo. A incerteza é uma sombra que paira sobre mim, mas também uma chama que me impulsiona a seguir em frente, a ser melhor a cada dia.
Assim, entre os deveres que me consomem e os desejos que me alimentam, sigo em frente. Sou mãe, sou mulher, sou forte. E é com essa certeza que enfrento cada novo amanhecer, na eterna busca por criar alguém decente para o mundo e digna para si mesma.