As ruas se estendem à minha frente, infinitas e sem fim à vista. Parece que faz uma eternidade desde que iniciei essa corrida, e o tiro de largada ainda ecoa como um lembrete constante: Vai, corre, a vida está lá na frente. Desde então, tenho estado em uma corrida desenfreada em direção a um destino que, muitas vezes, parece inatingível. Às vezes, sinto que finalmente cheguei, mas é apenas uma ilusão. O destino, ao que parece, é o próprio caminho.
Antes que você entenda mal o que quero dizer, deixe-me esclarecer: não estou perdida, estou em uma jornada de autoconhecimento, algo muito diferente. Estou saindo para chegar, e a simplicidade dessa reflexão esconde uma profundidade imensa.
A confusão que sinto ao deslizar meus pés sobre terreno desconhecido vem da minha ânsia de controlar o que está além do meu alcance. É exaustivo ter que escolher entre dois caminhos quando não sei qual é o certo. Eu não sou do tipo que depende da sorte, mas às vezes me vejo à mercê dela, como todo mundo.
Se eu pudesse contar apenas comigo mesma, a vida seria mais simples. Suportaria as dores e celebraria as alegrias sem depender de ninguém. Cairia, me levantaria, curaria minhas próprias feridas e seguiria adiante.
No entanto, a realidade é diferente. Somos seres interdependentes, parte de um coletivo, e ao mesmo tempo, indivíduos únicos. Embora compreenda isso na teoria, na prática, é uma fonte de angústia. A vida não é um projeto meticulosamente planejado, com metas e prazos definidos. Não podemos simplesmente marcar as atividades concluídas com um marcador de texto fluorescente e seguir em frente.
Esse método é a minha ilusão de controle, algo reconfortante que acalma minha ansiedade e se encaixa bem com minha alma capricorniana. Mas a maior parte da vida não está sujeita ao meu controle. Os dias, as noites, a pandemia, a economia, tudo isso escapa ao meu domínio. Eu apenas tento lidar com esses desafios da melhor maneira possível.
Quando se trata das pessoas que amo, como meu parceiro, minha filha e meus amigos, escolho não exercer controle excessivo sobre suas vidas. Quero que eles sejam livres, fluindo e não limitados por minhas expectativas.
Minha vida tem sido excessivamente rígida, com uma mentalidade de prever os obstáculos antes que eles surjam. Isso pode retirar a magia do desconhecido, mas é algo difícil de evitar.
Por muito tempo, dediquei meus dias à busca do autodesenvolvimento, tentando me tornar uma pessoa merecedora do presente da vida. Agora, percebo que é hora de simplesmente viver plenamente, contemplar o universo e abraçar o todo. Admiro profundamente aqueles que têm o dom da contemplação, mas eu, infelizmente, tenho uma impaciência nata.
Sofro do que chamo de mal da funcionalidade. Quero me curar, e estou cansada de ser excessivamente útil. Após anos dedicados ao autoconhecimento, sinto que atingi um ponto de saturação, e a busca por aprendizado chegou a um limite. É hora de voltar à terapia, na esperança de encontrar um novo equilíbrio.