Eu gosto de cuidar de mim. Sou daquelas mulheres que sentem prazer em se vestir e se maquiar. Amo longos banhos e extensas sessões de hidratação corporal. Poucas coisas me fazem tão bem como sentir minha pele limpa e hidratada. Mas, não se engane, minha vaidade é efêmera. Me permito o conforto sempre que posso, independentemente do que se considera belo estar ou não presente ali. Amo pijamas e roupões, pantufas e chinelos, coque nos cabelos.
Estou há quase um mês sem fazer as unhas, meio ano sem ver necessidade em tirar a sobrancelha. No passado, essas duas coisas eram imprescindíveis para que eu me visse bonita. Hoje não possuo marcadores externos para a minha beleza, sou o que sou, gosto do que sou e me acho lindíssima.
Em profusão de entendimento entre os pontos mencionados, trago a necessidade de pensarmos autoestima e autocuidado. Ambos estão ligados a uma integralidade do valor que damos a nós mesmos, enquanto indivíduos. Autocuidado está muito além da skincare e a autoestima passa a 200 km/h da pessoa dita bonita.
Essa semana, numa conversa trivial com minha irmã, falávamos sobre como, para nós, tem sido bom envelhecer. No meu caso, os 40 anos acenam e tenho desfrutado da minha melhor versão, física, mental e emocionalmente. Bom, naturalmente, não conto nem com a saúde e nem com o colágeno de outrora, mas me sinto confortável sob a minha pele e bonita como nunca.
Minha autoestima é bem jovem. Ela não tem mais que três anos, é um bebê ainda. Foi construída a duras penas, um dia por vez, passo a passo. Foi preciso muita terapia, autoaceitação e autoperdão.
Tive que olhar para mim e me encarar profundamente, enxergar meu pior lado e lidar com ele. Ao olhar pela fechadura da porta do meu eu, vi meus monstros sentados à sala da minha existência tomando cafézinho enquanto eu me despedaçava. Vi meus erros do passado dançando ciranda no meu presente. E, vi uma menina tão bacana, com um sorriso lindo, se achando feia e insuficiente.
Sobre essa menina, o problema dela era sempre estar se comparando às outras pessoas. Pessoas, essas, que não tinham vindo de onde ela veio, que não carregavam a bagagem pesada que lhe emborcava as costas.
Sabe, um dos maiores algozes da nossa autoestima com certeza é a comparação. Para que essa ceifadora de felicidade passe longe de nós, o caminho é árduo e longo. Não há regras ou manuais para que se tenha a tal da autoestima de milhões, mas vou expor algumas coisas que funcionaram para mim.
O primeiro passo é despir-se do velho pensamento sobre si, estar nua perante a vida, se permitir recomeçar. Depois, olhar no espelho e ver beleza nas suas feições, cicatrizes e peculiaridades. Afastar-se daquelas almas sebosas é primordial e colocar-se como prioridade na sua vida também. Valorizar suas dores, lutas e vitórias e tomar vinho com seus monstros alivia o peso. Compartilhar a vida com seus amores entrega esperança aos novos dias. E, pra finalizar, se tiver alguém que te diga que você tem uma bunda linda, ajuda muito.