Coisa dura para quem está no processo de se autoconhecer, de se autoaceitar, é ter que lidar com as múltiplas opiniões alheias. As pessoas sempre têm algo a dizer sobre nossa fala, nosso silêncio, nossa nova postura. Em analogia, enquanto subimos uma montanha íngreme, ao passo que aprendemos a escalar, dez ou cinquenta pessoas jogam pedras em nossa direção. Podemos não cair, mas com certeza haverá desequilíbrio e medo.
É bom que esteja entendido que a sociedade está aí no modo automático há milhões de anos, quando nos colocamos a viver de uma maneira íntima e única é como se fossemos bebês que adentraram ao mundo agora, mal sabemos comer, mal sabemos respirar.
Se tratando de mim, geralmente, não ligo para o que dizem, tenho por hábito seguir meu desenvolvimento pessoal sem culpa. Mas, mesmo para quem, como eu, traz o Sol nos olhos, dias nublados chegam.
Sabe, não estou no meu melhor dia, nem no melhor mês, talvez. Ando questionando as profundezas dos seres, tentando buscar respostas para milhares de questões dentro de mim. Como sempre, estou lutando para ser melhor e não tem sido fácil.
É uma batalha árdua e, muitas vezes, injusta. Quando tratamos nosso particular, acabamos por nos encontrar e nisso a verdade em nós emerge como uma tempestade. Uma vez de frente à sua verdade, não há como voltar atrás: a mudança é iminente e o questionamento das pessoas sobre essa mudança, também.
Respeito a opinião alheia sobre mim, juro. Respeito, sim, desde que ela não venha me tomar muito tempo. No caso, meu tempo são muitas horas pagas de terapia.
Acho interessante quando se movimentam em minha direção para tentar entender como e o porquê de eu viver a minha vida tal qual vivo. Meio engraçado o esforço de mudança de cadeira do espectador para a atuação. Gosto, até. Sinto uma porta de oportunidade de comunicação se abrir e fico feliz com isso.
Mas, se essa aproximação se dá num âmbito de pré-julgamento, maledicências ou mínimos golpes de ironias, dou as costas e saio. Aceito de bom grado que quem quer que seja não goste de mim. Acho justo, inclusive. Definitivamente não creio ser um grande problema ser odiada por alguns num universo de quase oito bilhões, os quais a absurda maioria eu nunca vi.
Sei, eu de fato sei que sou uma criatura sem muito meio termo: ou você ama estar ao meu lado ou é um infortúnio ter a sapiência de que meu nariz, para além do empinar-se, serve para respirar.
Afirmo aqui, não percam tempo me odiando. É besteira! Eu mal dou conta da minha rotina de mulher-mãe-trabalhadora que almeja o infinito. Minha vontade, sonho e realidade tomam qualquer minuto sobrante. Caso contrário, vão ter que lidar com meu riso naturalmente debochado, minha beleza sem muito padrão e minha gentileza nata.
Eu sou meu próprio País, eu me governo, eu me sustento. Mas, sim, eu nasci ontem, mal sei viver, só estou tentando.