Começo de ano é sempre um exercício de paciência para qualquer ansioso. Com o ritmo desacelerado graças às recentes festas e às férias de “todo mundo menos eu”, as primeiras semanas desse novo ciclo parecem engatinhar. E o que pode ser mais desafiador em um mundo que vive apressado do que aprender a reduzir a marcha? Com certeza entender que está tudo bem fazer o que se precisa com calma.
Já faz algum tempo que li que uma abelha pousa em 40 mil flores todos os dias. Em sua busca pelo pólen e pelo néctar, a jornada frenética converge em um número antagônico, algo nada expressivo: uma única abelha pode produzir apenas cinco gramas de mel por ano. Fazendo contas rápidas, é necessário visitar 5 milhões de flores para que um só quilo de mel seja produzido. Essa saga toda me faz pensar na velha história contada desde que nos conhecemos por gente: de grão em grão, a galinha... Certo, estamos falando de abelhas. Mas a lógica serve.
Passei o primeiro mês do ano da mesma forma que a maioria das pessoas: brincando (talvez um pouco sério demais) que janeiro estava sendo um mês interminável. E realmente foi. Mas se paro e penso que, em contrapartida, estamos seguidamente reclamando do quão rápido o tempo passa, um mês duradouro não seria motivo de festa?
Nos últimos anos, aprendemos a nos acostumar com diversas ideias: a efemeridade e a descartabilidade das coisas, o que consequentemente resulta em vivências rápidas e soluções imediatas. Pergunte para qualquer jovem se ele está disposto a trabalhar incansavelmente para produzir anualmente apenas 5 gramas de determinada coisa, que provavelmente haverá cara feia ou desistência. Estamos mal acostumados com o processo das coisas – sim, ele continua existindo. Ninguém produz mel do dia pra noite.
Dando continuidade aos ditados populares, tem aquela frase que diz que um dia entenderemos o porquê de tudo ter demorado o tempo que precisou demorar. Mas a questão toda é: estamos preparados para esperar esse tempo, seja ele qual for? E se esperarmos, quando “o mel” enfim ficar pronto, ainda teremos vontade de comê-lo, ou teremos desistido na metade do caminho? Em terra de ansioso, quem cultiva a paciência é rei.