Tenho um grupo de amigas que conheço desde que era criança. Sempre brincamos sobre nossos relacionamentos e literalmente Vimos o crescimento nos ladear, trazendo consigo todos os obstáculos e desafios que naturalmente vêm para qualquer um, e sempre brincamos sobre nossos relacionamentos. Atualmente, todas elas namoram — tem uma que até já está noiva! —, e é claro que o único que permanece solteiro (e constantemente fazendo piadas sobre isso) sou eu.
Recentemente, comentamos sobre uma colega de escola que já está esperando o segundo filho, e também sobre outros tantos que já se casaram. É engraçado ver como o tempo é percebido de formas diferentes para cada um de nós, e apesar das brincadeiras, a solteirice nunca me incomodou. Isso até o dia em que uma das minhas amigas contou sobre o pacotinho de sal que o seu namorado leva na carteira, já que a pressão dela baixa com frequência e ele prefere estar sempre preparado.
É inevitável, coisas assim nos fazem refletir. É óbvio que eu poderia carregar o meu próprio pacotinho de sal caso estivesse nessa situação, mas o gesto em si é que foi o detalhe. Mesmo sem viver o amor romântico diariamente, são nesses exemplos que nos percebemos vulneráveis e pensamos em como seria bom provar desse amor zeloso e preocupado com qualquer imprevisto. Preocupado com o nosso bem.
Em paralelo, teve uma vez que a minha mãe desabafou sobre o dia em que tinha feito uma cirurgia e estava incapacitada de lavar o próprio cabelo. Ela chorou ao lembrar que o meu pai abriu o box do chuveiro e tomou banho junto, cuidando dela exatamente como a gente cuida de quem ama. Para a minha mãe, aquele foi um momento de fraqueza (essa história de não querer pedir ajuda ao outro para não incomodar vem de família). Para mim, ouvinte, aquele foi um momento de amor pleno. Nem sempre vamos estar bem, e que bom que temos alguém para nos segurar antes de um desmaio.
Às vezes me pego pensando se uma hora vou esbarrar em um tipo de amor assim. Sou exigente com a minha própria liberdade e felicidade, sim, e por isso mesmo prefiro pensar que os amores rasos não são para mim. Até encontrar alguém que também demonstre nos detalhes aquilo que sente do lado de dentro, carrego o meu próprio pacotinho de sal, ciente de que o amor mora no cuidado — bem ali, escondido no cantinho da carteira.