A reunião entre os clubes do Brasileirão, realizada nesta quarta-feira (8) por videoconferência, trouxe sinalizações importantes para o futuro do futebol brasileiro. No debate, manteve-se uma coerência de discurso. Os 19 participantes do encontro mantiveram a definição de só liberar o público nos estádios quando isso for possível em todas ou na grande maioria das cidades dos times envolvidos na disputa. Sendo assim, os torcedores terão de esperar, pelo menos, até 2 outubro.
Por outro lado, o 20º time, que não participou da reunião e mostra-se contrário a essa decisão, deixa claro o quão difícil é ver o futebol brasileiro ser levado a sério ou encontrar uma unanimidade de discurso. O Flamengo publicou uma nota oficial em que diz que “não cabe aos clubes ou à CBF” a definição sobre a presença de público nos estádios. Uma postura, no mínimo, arrogante.
As entrevistas de dirigentes cariocas durante à tarde, em programas esportivos, dão justamente esse tom. O Flamengo pensa em si, no seu lucro, nas suas demandas. Ah, mas foi prejudicado ali atrás por convocações da Seleção? Existe o ônus e o bônus de ser um clube gigante.
O que não pode é passar por cima de questões importantes, que vão muito além do futebol. Acima de tudo, é preciso pensar de forma coletiva, seja ao falar sobre pandemia ou torcida nos gramados. Quando se trabalha na possibilidade de criação de uma liga ou na evolução de um campeonato melhor gerido, esse é o grande receio. Cada um pensará em si?
Por que o Flamengo poderia mandar jogos com torcida e Atlético-MG e Palmeiras não? Se os cariocas precisam de renda para fortalecer seus cofres, o que falar então de times que sofrem muito mais para ter as contas em dia, como Juventude, América-MG ou Chapecoense?
Parece que a tão sonhada organização do futebol brasileiro por parte dos clubes está muito distante. E por culpa única e exclusivamente desses pensamentos egoístas.