Uma trajetória vitoriosa nem sempre é feita só de conquistas, de títulos. E, em muitos casos, a coroação de uma caminhada no esporte vem em um momento inesperado. É o caso do que aconteceu nesta quinta-feira (15) com Marcelo Demoliner. Ele será um dos cinco tenistas a participar das Olimpíadas de Tóquio defendendo o Brasil. Fará dupla com o cearense Thiago Monteiro.
Antes de qualquer coisa, volto um pouco no tempo e lembro de uma entrevista que fiz com Demoliner, ainda em 2009 ou 2010, nas quadras do Recreio da Juventude. Naquela época, o tenista caxiense ainda nutria a expectativa de uma ascensão no ranking de simples e via os jogos de duplas como oportunidade de evolução no ranking e experiência. Era um jovem de menos de 20 anos, que havia entrado na lista dos 300 melhores do mundo e sonhava em disputar um Grand Slam e enfrentar os gigantes da modalidade.
Anos depois, já consolidado como duplista, Demoliner veio até a sede do Jornal Pioneiro junto com o mineiro André Sá para falar sobre a carreira, uma clínica de tênis e os desafios de viagens e torneios por mundo afora. Entre uma conversa e outra, o status do tenista mudou e uma coisa sempre chamou a atenção. A maneira simples e descontraída com que o jogador caxiense se comunicava e atendia a todos.
E talvez seja esse um diferencial de Demoliner no circuito. Difícil ouvir alguém que não goste dele. O caxiense já venceu torneios da ATP, figura entre os 60 melhores duplistas do mundo, e disputou os grandes campeonatos da modalidade. Além disso, tem contado de uma forma muito diferente, por meio de suas redes sociais, um pouco do dia a dia no circuito (vale a pena, para quem nunca viu).
Mas, talvez, faltasse um detalhe. E em alguma dessas entrevistas, Demoliner citou que um grande sonho era o de disputar uma Olimpíada. E quase que de surpresa, de última hora, a vaga veio.
O cara que iniciou nas quadras do Recreio e saiu de casa muito cedo para ir atrás desses sonhos, sempre incentivado pela família, terá a primeira chance de buscar uma medalha olímpica. Um feito para poucos. E, talvez, seja ainda difícil de mensurar o que significa para um tenista daqui, da Serra Gaúcha, estar entre os melhores do planeta, jogar em Wimbledom ou Roland Garros, e disputar uma Olimpíada.