Na véspera do jogo decisivo para a classificação às semifinais, um anúncio surpreendente. Mais pelo momento escolhido para o comunicado do que pelo foi dito. Rafael Lacerda estava pressionado por grande parte da torcida e, provavelmente, até por conselheiros e dirigentes grenás. A queda na Série D ainda traz um peso enorme e o desempenho oscilante no Gauchão aumentou o desgaste.
E talvez seja justamente essa palavra que justifique a saída: o desgaste. O inevitável abalo da relação entre clube e treinador fazem com que a melhor escolha seja a separação. Lacerda tem a convicção de que fez o que foi possível. E o grande feito no Gauchão de 2020 merece muitos elogios. Por outro lado, a expectativa causada por essa campanha foi tão grande quanto a frustração na Quarta Divisão do Brasileiro. E, seja lá qual for o desfecho do Estadual deste ano, a pressão seria muito grande para a sequência de 2021.
Não tenho dúvidas de que Lacerda seguirá um caminho vitorioso como treinador. Ainda vai evoluir, se reinventar, enfrentar desafios mais complexos e vivenciar as vitórias e derrotas do dia a dia, como ocorreu nos tempos de jogador. E até pode ser que um dia retorne ao Caxias para uma nova jornada. A relação não terminará de forma dura e existe uma identificação que transcende o cargo de treinador. Agora, a saída é algo que acabará sendo bom para ambos.
Lacerda não estará mais no seu primeiro trabalho. Deixou de ser a surpresa, o comandante que levou o time do Interior ao vice-campeonato gaúcho na primeira vez como técnico. A partir de agora, buscará a afirmação definitiva longe daquela que foi por muitos anos a sua casa.
Para o clube, a renovação no comando pode significar uma mudança de ares fundamental para a conquista do grande objetivo da temporada, o tão almejado acesso.
Antes disso, claro, existem os últimos capítulos dessa parceria. E não acredito que ela termine neste sábado. O anúncio da saída do técnico pode até causar algum impacto, mas o Caxias tem time para bater o Pelotas e chegar a mais uma semifinal. Com méritos e pelas mãos de Lacerda.