Na Era dos influenciadores profissionais, do avassalador mercado das mentorias especializadas em catapultar carreiras e do coaching reconhecido como “a profissão das profissões”, está na hora de tirar o meu projeto da gaveta. Não posso deixar passar o trem, o cavalo encilhado, o foguete sem ré. É agora ou never. Let’s do it, man!
Preciso de um nome. O nome é a vitrine, a fuça, a lata da marca. E não é tão simples, visto que não se trata de um produto, tampouco um serviço, é uma revolução. Difícil explicar. Mas é que a ideia é muitoooooo assertiva. Só compartilhei num pich informal, coisa pequena, pra 300 pessoas.
O evento se chamava Os 300 de Spartartups. Achei brega o trocadilho, mas ouvindo o CEO-coach-header, vestido com as roupas e as armas de Leônidas, me convenci do sucesso. O ingresso custou mais barato do que o acesso ao leilão do Instituto Neymar Jr.
Uma das ideias de um cara que já recebeu sete propostas de investimento é a “Caixa do Nada”. Fantástico. Vai ser sucesso nas metrópoles sem acesso a quietude da natureza, do ar puro e fresco. A ideia é a seguinte: a pessoa entra numa caixa vazia (daí o nome, percebe como o nome é tudo!). Lá dentro, ela recebe um óculos 3D e perguntam se ela quer tomar uma pílula azul ou vermelha.
Na real, tanto faz a cor que ela escolher, porque vai rodar o mesmo programa imersivo, só que ela vai achar que tá fazendo algo porreta, personalíssimo, quando na verdade vai mergulhar numa “floresta” com imagens em looping e vai divagar do nada ao lugar nenhum. Genial, né? Enfim, não vou compartilhar mais nada porque assinei um termo de confidencialidade.
Confesso que a leitura do livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, transformou a minha vida e me inspira ainda hoje. Desde que o li, por volta de 2010-2011, quando surfava ondas empreendedorísticas, tudo mudou. Fechei a empresa, perdi os amigos que estavam por perto só por conta da pinta de empresário, influenciei diversos outros a largar tudo e viver a vida no doce balanço das paisagens de Florianópolis.
Por isso, não posso deixar passar essa segunda boa onda. Distante de Floripa, nessa terra de gigantes, que é a inóspita Serra gaúcha, entrei numa espécie de “caixa do nada desistencial” e passei a estudar como um frei ou monge as prolixas lições de vencer a vida adoidado, ancorado em um amontoado de frases feitas, encharcadas em entusiasmo e motivação. Agora vai!
Alguém aí me ajuda com o nome? Preciso de um nome pra batizar essa revolução. A ideia é simples. Se as redes sociais servem pra “socializar” (aprendi que precisamos dizer o óbvio), vamos “dessocializar”. Ao invés de dar likes, não clicar. Devemos lutar contra os dedos ansiosos, ávidos por comentar postagens, que no fundo, só servem pra nos jogar infinito adentro nessa dita caixa do nada.
Respire fundo, sinta o ar entrando pelo seu corpo, preenchendo todo o vazio e depois expire jogando pra longe toda essa ineficaz vontade de socializar. Afinal de contas, como saber se do outro lado é um robô ou uma pessoa? Eu mesmo, ainda tenho dúvidas se sou um ciborgue ou um ser humano.