Em 2017, a Serra tinha uma área de alho plantada de 2,3 mil hectares. Hoje, são 900 hectares. A redução expressiva em seis anos está atrelada a fatores como a entrada do alho argentino no Brasil, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, Ricardo Pagno. Segundo ele, a concorrência tem sido desleal. As safras coincidem e o país vizinho tem preços subfaturados.
A Argentina, por fazer parte do Mercosul, não paga imposto de importação, mas precisa adequar-se às novas normas e padrões de classificação. Porém, de acordo com os produtores, boa parte do alho argentino não seguiu as regras definidas para o bloco em novembro e dezembro de 2022.
— É uma cultura interessante para a agricultura familiar, mas se tornou cara. O custo médio da produção por hectare é de R$ 100 mil. Para efeitos de comparação, o custo da produção de uva por hectare é de cerca de R$ 50 mil — diz Pagno.
O panorama do setor será debatido no 35º Encontro Nacional dos Produtores de Alho, no próximo dia 10, em Nova Pádua. Cerca de 300 agricultores são aguardados, além de representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura e Pecuária. A expectativa é que o governo federal possa dar respostas sobre o alho argentino.
Conforme dados da Associação Nacional dos Produtores de Alho, em 2022, o mercado brasileiro importou quase 12 milhões de caixas de 10 quilos com um preço médio de US$ 12, sendo a Argentina responsável por 73% da carga que chegou ao Brasil.
A produção de alho na Serra está concentrada principalmente em Flores da Cunha, Nova Pádua, São Marcos, Ipê e Vacaria. São cerca de 300 agricultores. A região está entre as maiores produtoras do país. O Brasil produz 167 mil toneladas de alho.
O Encontro Nacional dos Produtores ocorre no salão paroquial de Nova Pádua, às 13h30min. Haverá transmissão online pelo Facebook.