Segredos e histórias gastronômicas que passam de pai e mãe para filho marcam a trajetória do chef Evandro Comiotto. Mesmo com um “parece que começou ontem”, ele está há 21 anos na profissão, cuja herança familiar compõe seu DNA. É assim que prepara sua volta à cena da gastronomia caxiense com a abertura do La Trattoria Di Evandro Comiotto. E o restaurante vai reavivar a memória e o legado instalando-se no mesmo espaço onde funcionou a Cantina La Onda, no charmoso bairro Saint Etienne.
Filho de Elza Giordini Comiotto, 78 anos, e Ainor João Comiotto, 77, pai de João Pedro, e casado há sete anos com Cleiva Baroni Comiotto, Evandro não esconde a animação pela retomada a partir da segunda quinzena do mês de abril.
– A Trattoria Di Evandro Comiotto vai retomar a tradição do La Onda com a minha experiência de uma longa jornada no setor. É um resumo da tradição dos meus pais com a história da gastronomia – conta o chef, que tem formação pelo Instituto de Culinária de Piemonte e Academia Italiana de Cozinha, de Roma.
Cúmplices e felizes pelo empenho do filho, Elza e Ainor também voltam à ativa no mesmo empreendimento familiar.
– Começamos como uma lancheria, no bairro de Lourdes, depois abrimos a cantina com as carnes exóticas e massas italianas. O Evandro tem um requinte, faz comida boa. Hoje ele é nota 10 – diz Ainor.
– Eu faço os meus pratos, ele vai fazer os dele, pois aprendeu tudo direitinho. Estou muito contente por trabalharmos juntos – complementa Elza, que já contabiliza 40 anos de cozinha.
Feliz e emocionada pelos projetos familiares, a esposa Cleiva, filha de Santo Jandir Baroni e Elvira Luiza Baroni, mãe de Cleber Nathan Viega, não esconde o entusiasmo pelo desafio.
– É uma novidade para mim, mas vejo isso tudo através do amor que sinto pelo Evandro. Nesses sete anos que estamos juntos, sempre estivemos próximos. É um momento muito alegre para esta família – diz Cleiva.
Para Evandro Comiotto, que tem passagens pelo Villa Di Villa, Trattoria Pastine e Spa do Vinho, de Bento Gonçalves, onde foi chef executivo, alimentar-se é um ato afetivo.
– A gente é o que come. Fui fazer Engenharia Eletrônica na PUCRS, mas os cheiros, os aromas da cozinha da mãe me impulsionaram. Foi natural assumir esta herança – explica.
O festejado cozinheiro acredita que bom mesmo é contemplar o alimento sendo apreciado com os sabores que elabora.
– A satisfação de um chef é ver as pessoas tranquilas por confiarem naquilo que será servido. Quando a gente atinge esta segurança, é a confirmação de que estamos no caminho certo – analisa.
Para temperar nossa saborosa conversa, fiquemos atentos aos conceitos de trabalho de Evandro Comiotto:
– Sempre quis desvendar o porquê das receitas. Na Itália, ia atrás das avós dos cozinheiros para saber sobre os temperos e a cultura do lugar. Uma boa gastronomia está inserida em sua região. Um chef precisa ter uma visão mundial, mas saber se adaptar ao local em que vive. Comida afetiva é a que toca o coração. Para uma receita simples, o conhecimento é proporcionalmente inverso – reflete.
Então, entre sabores e convívios familiares, Evandro e Cleiva gostam de estar juntos e, se possível, ao redor de uma boa mesa.
– Durante a pandemia, nosso lazer é um bom filme em casa, além de dar uma volta pela região para conhecer lugares novos, garimpando receitas. Tenho gosto pelo simples. Para mim, culinária clássica é a bem feita – afirma ele.