Que a nova geração de empreendedores está definitivamente voltada com um olhar mais profundo sobre temas como sustentabilidade, diversidade e a pluralidade na arte, é um fato a ser reverenciado. Um exemplo notável desta visão responde pelo nome do jovem Robson Casali, 35 anos, formado em Administração de Empresas pela UCS e metalúrgico. Casado com Marina Bassanesi, o filho de Zenor José Casali e Eliamar Gris Casali exerce a atividade desde os 16 anos na empresa da família, fundada em 1992. É neste ambiente que Robson se reinventa como pessoa e onde despertou seu talento autodidata para as artes.
Desde 2015, quando transformou o hobby de utilizar material de sucata para criar peças incríveis em esculturas artísticas transitou por várias fases. Produz, a partir do metal, objetos com formato de instrumentos musicais, animais, motocicletas, flores e até caveiras. Com o propósito de ser um agente transformador que questiona as diversas áreas do pensamento e a maneira como conduzimos os dias, Casali se vale dos inúmeros fragmentos descartados e retalhos de produções industriais, como inspiração. Hoje, já coleciona um acervo de 130 obras no portfólio.
Diz que a ideia é dar um novo destino a materiais que, em princípio, não teriam mais utilidade e democratizar a arte ao mostrar que ela pode nascer do lugar de onde menos esperamos. Ele reforça seu sentimento em relação ao processo:
– Sempre tive interesse pelo desenho e pelo fazer manual, o que no geral, meu trabalho diário demanda. Produzir essas esculturas como uma proposta artística foi uma ideia que concretizei em 2015, quase que naturalmente, até como uma maneira de ocupar momentos ociosos, durante a jornada de trabalho. O fato de ter as ferramentas e o material disponíveis se tornou ainda mais espontâneo.
Casali revela que não segue uma linha, um estilo, mas tende para o rústico, já que o material que aproveita aparece de forma bruta e não altera a essência do artigo. Nesta conversa, conta também que integra o grupo Metal Art Brazil, com a participação de mais de 25 artistas brasileiros e que está envolvido diretamente com arte em metal e demonstra alegria em revelar que muitos deles já vivem do ofício. Com eles, aperfeiçoa a técnica, troca informações e experiências. Outra vivência que Casali considera importante na construção do seu “eu artístico”, foi o período em que residiu em Londres.
– Viver no Exterior serviu para aprender a lidar com outras culturas e reconhecer novos horizontes. Foi uma renovação mental, espiritual e criativa. A arte deveria ser sempre inclusiva e utilizada amplamente como forma de comunicação verbal e não verbal – discorre enquanto vislumbra o sonho de ter um espaço para criar suas obras, uma galeria onde expor peças do acervo pessoal e também, de outros artistas que admira.
Duas perguntas para Robson Casali
Como interpreta ser um agente transformador neste exercício de criar objetos artísticos a partir do metal reciclado?
No meu segmento já há iniciativas empresariais para que o descarte de sucata seja minimizado, inclusive redirecionamos o material não utilizado na nossa empresa, como indicado pelos órgãos regulamentadores. Há muita gente que faz arte do que seria lixo e dar vida à sucata provoca um sentimento gratificante. Hoje muitas pessoas que já conhecem esse meu trabalho, me trazem materiais e falam: lembrei de você e acho que você vai conseguir fazer alguma obra com essas peças. Me sinto honrado! O mais transformador desse movimento é poder criar, por menor que seja, uma consciência ambiental ao oferecer às pessoas um novo olhar para o que descartam.
Como funciona seu processo criativo?
Após definir o que vou produzir, faço uma análise de imagens em todos os planos e imprimo fotos com o movimento ou a posição que decidi criar. Para iniciar o processo de produção, separo algumas peças de descarte que julgo serem úteis, e a partir daí gosto de deixar fluir de maneira natural, ao passo que vou encontrando outras que se encaixam. Com certeza há inspiração e oportunidade de se criar algo novo sempre. Mas nunca podemos deixar de levar em conta a história e a evolução da arte antes de se chegar ao que é hoje. Há um movimento, sem dúvida, mas há referências também.